sábado, 12 de dezembro de 2015

Um sonho interrompido


A gravidez é o momento de maior esplendor da mulher que sempre sonhou em ser mãe. Desde a infância nos habituamos a sonhar como é cuidar de um ser tão pequeno que depende totalmente de nós. Contudo, não aprendemos a lidar com o rompimento abrupto da conquista do positivo.

Gostaria de não saber como é difícil esse momento para a família como um todo mas principalmente para a mãe. Muitas questão passam pela cabeça da mãe, culpa, raiva, tristeza, revolta, medo são apenas algumas dessas questões. E precisamos lidar com tudo da melhor forma. Não se esquece um momento assim, mas podemos sobreviver à ele.

Não é um assunto fácil, mas deve ser colocado para que a mulher que passou por isso possa lidar melhor com a situação. Acredito que tudo ocorre por um motivo e que cada lição que a vida nos dá serve para que aprendamos com ela e a usemos para o bem.

Lidando com a família


A família é essencial para ajudar nesse momento de tristeza. Mas não conseguirá fazer com que a mãe supere a dor. Digo isso pois a mãe ouve de tudo nessa hora: "Não chore pois Deus quis assim...", "Você precisa se animar e sair para espairecer", "Logo você engravida de novo"...


Não se preocupe nesse momento em lidar com tudo isso. Não há resposta certa ou errada diante da perda. Não existe tempo, prazos ou obrigações. Lide com tudo a seu tempo. Ninguém é igual a gente, cada um tem seu tempo para vivenciar tudo e seguir adiante. Siga seu coração e no momento certo saberá como agir.

O importante nessa hora é aceitar os sentimentos confusos que afloram dentro da gente. Conversar com o marido pode ajudar também. Não se pode fugir do que aconteceu pois é uma verdade que infelizmente temos que aceitar.

Passei um tempo sem querer sair de casa, no máximo me esforçava para conversar com as pessoas que vieram me visitar. Muitas vezes fui questionada por isso, mas como eu falei... cada uma de nós tem seu tempo e o meu demorou um pouco mais.

Aceitando o coração confuso


Muitos são os sentimentos que invadem nossa cabeça nessa hora. O primeiro que eu senti foi culpa. Uma sensação de que podia ter feito algo para evitar me bateu já no hospital. Mas a verdade é que não somos super-mulheres. Nem tudo estará suscetível ao nosso controle. Algumas vezes está nas mãos de algo maior, seja nas mãos do destino, da vida, da vontade de Deus ou simplesmente por ser assim. Independente do que você acredite, não se pode controlar tudo.

Para as mães que passaram por mais de uma perda é ainda mais difícil pois pode haver o sentimento de que não consegue gerar uma vida. Na verdade, temos que aceitar que muitos são os fatores que interferem na gravidez e não nos podemos deixar levar pelo sentimento de que não conseguiremos levar uma gravidez até o fim pois se conseguimos conceber nas minhas chances mensais, com certeza conseguiremos passar por essa etapa. Devemos apenas nos informar e fazer tudo o que tiver ao nosso alcance para seguir adiante.

A raiva e a mágoa pode aparecer para tentar aceitar o fim da gestação. Mas lembre-se que se nós não podemos controlar tudo, os amigos e familiares também não podem controlar.

A melhor maneira de lidar com esses sentimentos tão duros contra os outros e/ou contra si mesma é  dialogar claramente com seu marido ou com as pessoas próximas a respeito de como se sente. Conhecer os motivos médicos que envolveram a perda ajudam algumas mulheres a compreender melhor a causa como algo externo a sua vontade e conversar com o médico ajuda.

Ficar triste é permitido



Não há prazos para ficar triste. Alguns momentos serão mais fáceis que outros. Principalmente em datas especiais ou na data em que estava prevista o nascimento. Com o tempo cada um aprende a conviver com a tristeza da sua forma. Ainda que algumas pessoas queiram ajudar, na verdade, apenas você saberá lidar com sua dor. Vão fazer dois anos que perdi minha princesa, e ainda hoje há dias que choro por não tê-la comigo.


É importante também respeita os sentimentos do parceiro. Nem sempre eles irão falar como se sentem e isso não significa que não sofrem pela perda. Alguns preferirão sair e conversar e a incentivarão que vocês façam o mesmo, mas vale aqui lembrar que cada um lida com a tristeza da sua forma e que o respeito mútuo é indispensável nesse momento. Muitos parceiros acham que deve "ser mais fortes" para ajudar a mulher e isso não tem haver com os sentimentos que tem pela mesma ou pelo bebê.

Afaste-se do trabalho



Enquanto algumas pessoas preferem enfiar a cabeça no trabalho, outras não tem ânimo para isso no momento. A mulher tem direito ao afastamento do trabalho pelo INSS por 15 dias em caso de perda antes de 20ª semana de gravidez e licença maternidade (4 meses ou 6 dependendo da empresa) após a 20ª semana. Aproveite esse tempo para fazer o que lhe faz bem.

Talvez agora possa ser a hora de ter um novo hobby ou ainda possa retomar um antigo. Para as mulheres que preferem ocupar a mente com outros assuntos, essa é uma boa opção.


 Lidando com a volta dos namoros



Essa é uma etapa muito complicada para os parceiros. Tanto o homem como a mulher não sabe quando ao certo devem retomar a vida sexual. Aqui vale a questão do respeito ao sentimento de cada parceiro. Se o mesmo ainda não está animado, deve-se conversar a respeito e esperar pelo melhor momento. Com o tempo e amor aos poucos a tensão diante dos namoros desaparece e a cumplicidade volta a acontecer de forma natural.

A questão de voltar ou não a tentar também depende de concordância do casal. Ainda que um dos dois se sinta pronto, cada um tem seu tempo para sentir-se confortável com a ideia de retomar as tentativas. Mesmo porque significa voltar a conviver com as inseguranças e medos das tentativas, além de agora lidar com o medo de nova perda.

Conheça outras histórias




Uma forma de lidar com a perda é conhecer como outras famílias que passaram por isso. Existem alguns grupos de apoio seja em igrejas ou comunidades, como também na internet em blogs, páginas ou redes sociais como Facebook. Compartilhar os sentimentos ajuda a lidar com eles, e também ajudará a ver as diferentes atitudes tomadas por cada uma e como isso ajudou a superar a dor.

Com o passar dos meses os sentimentos vão se aquietando dentro da gente. E se passado alguns meses e a tristeza não diminuiu, talvez seja a hora de busca auxílio especializado de um psicólogo. Nem sempre conseguimos lidar com tudo sozinhas ou apenas com a ajuda do parceiro ou da família e isso não é vergonha. Viver triste não é o intuito de ninguém e você não precisa passar por isso.

Se quiser contar sua história ou ainda conversar lembre-se que estarei sempre aqui para ajudar. Até a próxima!






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