sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Uxi Amarelo e Unha de Gato


Uxi amarelo e unha de gato é uma combinação bem conhecida no mundo das pré-mães para ajudar na conquista do positivo. As propriedades curativas e que beneficiam muito as mulheres com problemas como miomas, ovário policístico, endometriose, infecções no útero e irregularidade menstrual. Pessoalmente, já usufrui do uso dessa combinação e apesar do meu ginecologista discordar, conquistei um positivo com eles. Conheça um pouco mais a respeito deles e no final, deixarei o meu depoimento de quando engravidei com ele. 

O que é Uxi Amarelo?


Uxi Amarelo é uma árvore de grande porte, que pode chegar até 30 metros de altura, que possui em sua casca propriedades medicinais. Seu nome científico é Endopleura Uchi mas pode ser encontrada também com os nomes de axuá, pururu, uxi, uxi-liso ou uxi-pucu, muito utilizada como suplemento alimentar, ou no tratamento de artrite, bursite, reumatismo, asma, problemas do coração, diabetes, cirrose, febre, asma, gastrite, herpes, pressão alta, infecções urinárias, inflamação do útero, miomas, prostatite e úlceras gástricas, pois tem propriedades anti-inflamatória, antioxidante, antiviral, depurativa, diurética, imunoestimulante e vermífuga. 

O que é Unha de Gato?




A Unha de Gato é uma planta trepadeira que pode alcançar de 30 a 40 metros de altura, presente na floresta Amazônica e em outras áreas tropicais da América do Sul e Central, incluindo Peru, Colômbia, Equador, Guiana, Trinidade, Venezuela, Suriname, Costa Rica, Guatemala e Panamá. Seu nome científico é Uncaria Tomentosa, existe outra espécie de unha de gato, contudo não tem as mesmas propriedades que a Uncaria Tomentosa, de forma que não é indicada para uso durante as tentativas de engravidar. Possui propriedades analgésica, anti-inflamatória, antimutagênica, antioxidante, antiproliferativa, antitumoral, antiviral, cito protetora, citostática, citotóxica, depurativa, diurética, hipotensiva, inumo-estimulante, imunomoduladora. É indicada para tratamento de asma e inflamações do trato urinário, para recuperação do parto, purificador dos rins, para cura de ferimentos profundos, para artrite, reumatismo e dor óssea, para controlar inflamação e úlceras gástricas, tumores e para câncer, hemorragias, irregularidades na menstruação, cirrose, febres, abscessos e gastrite.

Tribos indígenas no Peru utilizam a planta como contraceptivo, mas para isso deve ser consumido em altas doses, cerca de 5 a 6 kg da raiz da planta reduzido em pouco menos de um copo. Para ter efeito contraceptivo, seria necessário a ingestão dessa dose diariamente durante o período de menstruação por três meses consecutivos, o que supostamente causa esterilidade por três a quatro anos.


Como tomar para engravidar?


Para quem deseja fazer uso da combinação de uxi amarelo e unha de gato, deverá tomar o chá das plantas pela manhã e no almoço. Caso não goste ou tenha dificuldade na ingestão de chás, poderá consumir em cápsulas, que podem ser compradas em sites especializados, casas de produtos naturais ou em farmácias de manipulação. Para fazer o chá, basta seguir a receita abaixo:

Uxi amarelo: Coloque uma colher de sopa de casca de uxi triturada (pode ser o extrato também) em meio litro de água. Leve ao fogo e deixe ferver. Assim que o chá ferva, coloque na potência mínima e deixe ferver mais dez minutos, com a panela tapada. Retire do fogo e deixe repousar cerca de 10 minutos com a panela tampada. Após coar, o chá já pode ser consumido.  Tomar uma xícara pela manhã e outra a tarde (eu prefiro no almoço). 

Unha de gato: Coloque de 10 a 15 gramas da casca ou da raiz em meio litro de água. Leve ao fogo e deixe ferver. Assim que o chá ferva, coloque na potência mínima e deixe ferver mais dez minutos, com a panela tapada. Retire do fogo e deixe repousar cerca de 10 minutos com a panela tampada. Coe antes de consumir o chá. Tomar uma xícara pela manhã e outra a tarde. 

Todo o preparo dos chás deve ser consumido no mesmo dia e no dia seguinte deve ser feito um novo chá fresco pois com o tempo o chá perde suas propriedades medicinais. Algumas pessoas preferem fazer os dois chás juntos. O tratamento deverá ser feito a partir do primeiro dia do ciclo menstrual até a ovulação, já que seu consumo é desaconselhado em caso de gravidez. 

Se sua opção for pelo tratamento com as cápsulas, o consumo deve ser feito no mesmo período que os chás, onde tomar uma cápsula pela manhã e outra no almoço até a ovulação.
Apesar de se tratar de um tratamento natural, não se deve esquecer que nem sempre um tratamento que funcionou para uma pessoa, funcionará para outra, bem como as reações às substâncias podem ser diferentes em cada mulher. Não é aconselhado o uso de chás durante a gravidez pois há riscos de má formação do feto ou mesmo abortos. Se não tiver certeza que não está grávida, o melhor é escolher outra forma de tratamento. 

Minha história com Uxi e Unha de Gato


Para quem já me acompanhada sabe que tenho SOP e infelizmente, ovular é a grande dificuldade de quem convive com a síndrome. Numa dessas pesquisas pela internet, encontrei uma reportagem a respeito (veja aqui!). Como não sou adepta a chá ou qualquer tipo de tratamento com ingestão de líquidos, resolvi pedir as cápsulas de uxi e unha de gato. Antes de iniciar o tratamento, já havia feito uma ultrassom que mostrou que os microcistos persistiam. Meu GO fez o que todo médico sem coração (brincadeira, só drama mesmo!), me passou anticoncepcional. Antes de começar a tomar os AC por três meses, eu resolvi testar a eficiência das ervas e para não interferir resolvi consumir as cápsulas por 1 mês e ver se haveria algum efeito nos cistos. Meu ciclo havia começado em 17/09 (2013) e havia feito a ultra antes disso. As cápsulas chegaram em 23/09 e foi quando comecei a tomar. Como queria testar as cápsulas, não fiz a pausa depois que ovulei, ou seja, era pra tomar até metade do ciclo e eu tomei sem parar. No dia 28/10 fiz outra ultrassom e apesar de estar "atrasada", não liguei pois a SOP deixa o ciclo irregular mesmo. Para minha felicidade, naquele dia descobri minha gravidez (apenas o saco gestacional). Acredito que as cápsulas foram essenciais para a conquista do positivo e embora não tenha conseguindo o feito novamente, super recomendo para quem deseja conquistar seu positivo. 

Espero que tenham gostado e até a próxima.




quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A tireoide e a fertilidade


A tireoide é uma glândula que age nas funções de órgãos importantes como coração, cérebro, fígado e rins. Está localizada na parte anterior pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão (ou popularmente, gogó). É uma das maiores glândulas do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto). 

As mulheres com funcionamento deficiente ou excessivo dessa glândula, podem ter seus ciclos menstruais desregulados e em alguns casos, pode levar a infertilidade. 

Hipotireoidismo e Fertilidade


A tireoide fabrica dois hormônios a tiroxina (T4) e a tri-iodo-tironina (T3). A tiroxina é responsável por controlar o metabolismo. Quando os níveis de T4 caem (hipotireoidismo), o metabolismo fica mais lento. Um baixo nível de T4 pode comprometer também o ciclo menstrual, pois a possibilidade de ovular cai. 

Com relação a fertilidade, os hormônios que devemos considerar são a progesterona e o estrogênio. Sabemos que para que a ovulação ocorra normalmente, esses hormônios devem estar equilibrados, o que não ocorrerá se a tireoide não funcionar corretamente.

Muitas mulheres conhecem o funcionamento da progesterona durante uma gravidez e sabem como ela é importante para sua manutenção. O que poucas conhecem é a influência do estrogênio no ciclo menstrual. Ele é responsável pelo crescimento das células, no ciclo menstrual, ele irá favorecer o crescimento do endométrio. Contudo, para isso, ele faz com que as células do útero consumam mais oxigênio. Quando os níveis de estrogênio estão mais altos do que o necessário, ele faz com que as células consumam mais oxigênio, e para isso elas irão retirar o oxigênio que seria importante para auxiliar no desenvolvimento do óvulo, ou ainda na implantação do embrião. Sem oxigênio suficiente, o desenvolvimento do óvulo fica comprometido, e nos casos em que há a implantação, a gestação pode ser comprometida, levando a perda prematura. 

O estrogênio atua negativamente na tireoide pois suprime a liberação dos hormônios da tireoide, o que pode causar hipotireoidismo. Para quem tem hipotireoidismo, o fígado não consegue retirar o excesso de estrogênio do corpo, de forma que o mesmo continua a acumular-se, o que alimenta o hipotireoidismo. Assim temos um ciclo que não pára, onde o estrogênio causa a não liberação dos hormônios da tireoide (hipotireoidismo) e o hipotireoidismo não permite que o corpo elimine o excesso de estrogênio. 



Fontes externas de estrogênio


Como vimos, o estrogênio alto pode levar ao hipotireoidismo. Embora essa alteração pode ser causada pelo excesso de estrogênio, qualquer outro fator que leve ao hipotireoidismo elevará o nível de estrogênio, ou seja, embora o estrogênio possa não ser o que causou o hipotireoidismo, seu nível será mais alto por causa dessa alteração. Sabendo disso devemos então cuidar com as demais fontes que podem contribuir pela elevação de estrogênio no organismo, como os anticoncepcionais, pois pode levar um tempo até que seu corpo consiga equilibrar o nível de estrogênio após o fim do uso de pílulas anticoncepcionais. Tudo dependerá de quanto tempo ele conseguirá se liberar do excesso do hormônio, o que pode levar de 3 a 6 meses, embora há casos de mulheres que conseguiram uma recuperação dos níveis hormonais, engravidando em seguida a parada da pílula. Alguns alimentos também são ricos em fitoestrógenos (estrogênio natural), fazendo com que o nível desse hormônio seja elevado, prejudicando a fertilidade.

Hipertireoidismo e Fertilidade


No lado oposto das alterações do funcionamento da tireoide é quando a glândula produz muito hormônio T4 e T3. Com a glândula mais ativa, o metabolismo tende a ficar mais acelerado. 

Uma causa comum de hipertireoidismo é a Doença de Graves, uma doença autoimune que tende a ser adquirida de forma familiar e afeta a glândula tireoide inteira. Outra causa de uma tireoide hiperativa são os chamados nódulos quentes, que podem se formar sobre a glândula. Nesse caso, a maior parte da glândula continua a funcionar normalmente, mas o nódulo contém células que produzem muito do hormônio T4.

Independente da causa, bem como no caso do hipotireoidismo, o ciclo menstrual pode ser comprometido, dificultando a ovulação e nos casos em que ocorre a implantação do embrião, há riscos de perda gestacional. Por isso a necessidade de se fazer um pré-natal rigoroso especialmente o controle endócrino, pois muitas vezes é necessário o aumento da dose da droga que controla a tireoide para não colocar em risco a vida tanto da mãe quanto do bebê.

Sintomas da tireoide


O hipotireoidismo pode causar constipação, fluxo menstrual aumentado, ganho de peso, diminuição do apetite, letargia, depressão, problemas cognitivos, fadiga, pele seca e áspera, intolerância ao frio ou dores musculares, queda de cabelo, fala lenta e/ou voz rouca, mãos dormentes, palmas das mãos e solas dos pés alaranjados, além de confusão ou pensamento lento. 

Sinais de hipertireoidismo incluem evacuações mais frequentes, perda de peso, ciclos irregulares, aumento do apetite, insônia, nervosismo, intolerância ao calor, tremores nas mãos e palpitações cardíacas.

Diagnóstico e Tratamento


Para detectar alterações da tireoide, basta alguns exames de sangue e um ultrassom da mesma. Os exames são que medem os níveis dos hormônios da tireoide T4 (tiroxina) e TSH (hormônio estimulador da tireoide) e também os exames de anticorpos anti-tireoide. Altos níveis desses anticorpos são típicos de uma doença da tireoide chamada Tireoidite de Hashimoto, que pode resultar em hipotireoidismo. A Tireoidite de Hashimoto é classificada como uma doença autoimune, porque o corpo se volta contra si, formando anticorpos que atacam as células da tireoide e diminuem a produção de hormônio da mesma. A glândula em si pode compensar, tornando-se aumentada. A presença de anticorpos antirreceptor do TSH (TRAB) pode indicar uma doença autoimune chamada Doença de Graves (no caso de hipertireoidismo).

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição oral do hormônio tiroxina (T4), uma vez ao dia, preferencialmente pela manhã e em jejum. A dosagem deve ser individualizada, sendo importante o controle periódico para que seja ajustada sempre que necessário. No hipertireoidismo, os tratamentos são projetados para diminuir a secreção de hormônios da tireoide. Isso pode ser feito com drogas antitireoidianas ou com iodo radioativo, que, essencialmente, mata parte da glândula para diminuir sua produção hormonal. Iodo radioativo não pode ser usado em mulheres que já estão grávidas e deve haver um período de pelo menos seis meses de espera após o tratamento antes de tentar engravidar.

Apesar da dificuldade que a alteração da tireoide pode causar para quem sonha com o positivo, é importante que o diagnóstico seja feito o mais breve possível e que siga o tratamento corretamente. Até a próxima!






segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Endometrioma: conheça mais a respeito

Muitas pessoas não sabem qual a relação entre endometriose e endometrioma. É a mesma coisa? O que é endometrioma? É algo sério? Vamos conhecer mais a respeito!

Qual a relação entre endometriose e endometrioma?


Endometriose é uma doença na qual a formação do endométrio ocorre em locais não habituais (fora do útero). Quando as pequenas células de endométrio estão presentes na superfície do ovário (endometriose no ovário), com o passar do tempo podem crescer e se transformar em um cisto de endometriose. Estes cistos recebem então o nome de endometriomas. Eles respondem ao estimulo hormonal do ciclo menstrual e crescem produzindo vários pequenos cistos que podem ocupar e ate mesmo substituir o tecido ovariano!

O endometrioma pode surgir também na parede abdominal (após a cesárea, por exemplo).

Os endometriomas são formados por uma cápsula de tecido denso que não são absorvidos pelo organismo. São conhecidos como "cistos de chocolate" por causa de seu aspecto parecido com chocolate derretido. Caso os cistos sem rompam, esse líquido pode se espalhar por outros órgãos da pelve podendo causar aderências e fortes dores.

Endometrioma


Quais os sintomas?


Quando os cistos são pequenos (menor que 3 cm) costumam não apresentar sintomas. Contudo, os cistos maiores podem causar dores na região pélvica, podendo ser unilateral ou bilateral. Em alguns casos podem causar dores durante a relação sexual. Da mesma forma que ocorre com a endometriose, as dores podem variar durante o ciclo menstrual, geralmente apresentam-se mais fortes durante a ovulação ou durante a menstruação. 

Os sintomas do endometrioma de parede abdominal podem ser uma tumoração dolorida, que aumenta de tamanho durante a menstruação. 

A infertilidade também pode ser um sintoma da presença de endometrioma. 

Como diagnosticar e tratar?


O diagnóstico é feito através do estudo do histórico da paciente, exame de sangue CA125, exames de ultrassom ou ressonância magnética da pelve e também com o exame de videolaparoscopia. 

O tratamento dependerá da gravidade de cada caso e também dos sintomas apresentados. Nos casos de cistos menores, o tratamento mais utilizado é o hormonal (com anticoncepcionais, por exemplo) para interrupção do ciclo menstrual, contudo, em algumas publicações existe uma discordância quanto a eficácia desse tratamento. E nos casos de cistos maiores, geralmente, há a opção de cirurgia por laparoscopia. 

O tratamento do endometrioma de parede abdominal é a cirurgia aberta para retirar o endometrioma e soltar as aderências dos tecidos.

Vale observar que o endometrioma não é um câncer como algumas pessoas podem pensar. E apesar de poder se transformar num câncer, as chances disso acontecer são muito pequenas, menos de 1% se tornam tumores malignos.

A opção por cirurgia deve ser feita cuidadosamente, já que no caso de endometriomas nos ovários pode levar a perda da reserva ovariana, devido a retirada de parte do tecido ovariano. 

Endometrioma e gravidez


Estudos recentes indicam que o endometrioma influi negativamente no pico do estradiol e na maturação folicular, de forma que afeta o desenvolvimento dos folículos, o que afeta o ciclo menstrual, dificultando a gravidez. Nos casos em que é feita a opção pela fertilização in vitro, algumas vezes influencia no número de oócitos, no número de embriões transferidos e na taxa de gravidez, contudo essa alteração não é tão significante, ou seja, há chances de conseguir o tão sonhado positivo. 

É importante diagnosticar o endometrioma e tratar de forma que quanto mais cedo iniciar o tratamento, mais cedo estará exibindo uma linda barriga de gravidez. Boa sorte e até a próxima.

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sábado, 23 de janeiro de 2016

Insuficiência da fase lútea e gravidez


Nosso corpo é uma máquina perfeita, que necessita de ajustes finos para que seu funcionamento ocorra. Qualquer alteração em um componente (ou hormônio) irá ocasionar a demora na conquista da gravidez. Conhecer como funciona cada fase do ciclo menstrual ajudará não apenas reconhecer quando algo não andar bem como também ajudará na conquista do positivo.

Fases do ciclo menstrual


Como o assunto é insuficiência da fase lútea, explicarei rapidamente a fase folicular do ciclo menstrual, mas se quiser saber mais a respeito só dar uma olhada nesse post aqui

O ciclo menstrual tem duas fases básicas, folicular e lútea, que são separadas pela ocorrência da ovulação. Na primeira etapa do ciclo temos descamação do endométrio, que nada mais é do que o início do sangramento que dá origem à menstruação. Depois temos a fase proliferativa, que é o desenvolvimento do folículo ovariano (daí o nome fase folicular). Nessa etapa há a predominância do hormônio estrogênio, responsável também pelo crescimento do endométrio, preparando-o para receber o embrião. Quando um folículo atinge seu máximo desenvolvimento, o hormônio LH indica que o mesmo pode ser liberado. A liberação do óvulo marca o fim da primeira fase do ciclo menstrual.


 Após a liberação do óvulo, o restante do folículo é chamado de corpo lúteo (do latim, corpo amarelo), sendo sua principal função a produção de progesterona, que nesse período é importante para preparação do endométrio de maneira a facilitar a implantação (Aprenda como ajudar na implantação do embrião). Quando esta não ocorre, o corpo lúteo permanece ativo
por aproximadamente 14 dias, sendo este período chamado de fase lútea. O corpo amarelo seria então como a casca que protegia o óvulo em desenvolvimento. Quando ele se degenera, passa então a se chamar de corpo branco, sendo constituído principalmente de estroma fibroso. 



O que ocorre na fase lútea


A fase lútea marca o início do caminho do óvulo até o útero. A progesterona produzida pelo corpo lúteo ou amarelo é responsável por manter o endométrio estável e mudar o padrão proliferativo (de crescimento) para secretor, o que o deixará mais receptivo à implantação do embrião. O que nem todos sabem é que o endométrio não ficará receptivo durante toda a fase lútea. A implantação será facilitada apenas num curto período, cerca de 6 a 10 dias após a ovulação. Esse período é conhecido como "janela de implantação" pois ocorre no momento em que há máxima liberação de progesterona pelo corpo amarelo. De forma mais simples, após a liberação do óvulo, o corpo amarelo produz progesterona que irá deixar o endométrio mais "macio" para que ocorra a nidação com maior facilidade. 

A progesterona e a gravidez

Além de manter o endométrio estável e facilitar a implantação, a progesterona também é importante pois promove o relaxamento das fibras musculares uterinas permitindo o desenvolvimento da gestação. No início da gestação, o corpo amarelo continua produzindo progesterona pois recebe esse estímulo do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana). Isso ocorre até a 8ª ou 9ª semana de gestação, quando ocorre a mudança lúteo-placentária, isto é, a placenta passa a produzir a progesterona e o corpo amarelo se degenera. 

Quando não se tem, no início da gestação, uma produção adequada de progesterona pelo corpo amarelo, então não há como manter a gravidez e ocorre o aborto. 

Insuficiência da fase lútea


Como vimos, a fase lútea é importante para a implantação do embrião e manutenção da gravidez. Uma fase lútea normalmente dura cerca de 10 a 16 dias, podendo em alguns casos chegar a 17 dias. Segundo alguns médicos, uma fase lútea saudável, seria com mais de 12 dias. Quando essa fase é muito curta (menos que 10 dias) o endométrio pode não estar receptivo o suficiente para receber o embrião, nesse caso temos a insuficiência da fase lútea. Com a baixa ou a breve produção de progesterona, o risco de aborto ou infertilidade é alto. 

Um endométrio que não foi adequadamente irrigado não conseguirá sustentar uma gravidez, isso se o embrião conseguir se implantar! 

Causas da insuficiência luteínica 


As causas mais comuns para a insuficiência da fase lútea são a diminuição da produção de LH na fase folicular, produção inadequada de FSH pré-menstrual e na fase folicular, levando a uma resposta ovariana a LH, ou seja, uma má qualidade do corpo lúteo, onde o mesmo não conseguirá produzir progesterona de forma adequada ou pelo tempo adequado para a boa manutenção do endométrio. A insuficiência do corpo lúteo, também pode ser causada por uma alteração ovariana ou ainda por causa de doenças endócrinas como alterações da tireoide ou hiperprolactinemia

Quais os sintomas?

  • Fase lútea com menos de 10 dias (a confirmação é feita com a avaliação da ovulação através de exames de ultrassom ou testes de ovulação).
  • Sangramentos durante a fase lútea (spotting ou pequenos corrimentos tipo borra de café por mais de 3 dias)
  • Baixas concentrações de progesterona durante a fase lútea
  • Abortos espontâneos recorrentes (em sua maioria no 1º trimestre).


Como tratar a insuficiência da fase lútea?


Tanto o tratamento quanto o diagnóstico da insuficiência luteínica costuma ser simples. Exames para confirmar o nível de progesterona após a ovulação e antes da menstruação irão determinar a causa da fase lútea insuficiente. Para o tratamento, geralmente são utilizados  progesterona, hCG e mesmo estradiol, isolados ou em combinação. 

Em casos de gravidez com comprovação de insuficiência da corpo lúteo, é importante manter o tratamento com progesterona até que a placenta possa assumir esse papel.  

O consumo de carne vermelha, ovos, peixes, frango, leite e derivados podem ajudar a suplementar a progesterona corporal.

O controle do ciclo menstrual através da temperatura basal ajuda na identificação da ovulação, em consequência a fase lútea, bem como também poderá mais facilmente detectar caso a mesma esteja muito curta. Com o tempo poderá detectar padrões que poderão, no futuro, indicar quando a gravidez ocorrer. Boa sorte e até a próxima. 



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Aborto de repetição


Pior que não conseguir o positivo é ver esse sonho se acabar cedo demais e em alguns casos, várias vezes. Uma perda já é dolorida demais, acaba com o coração de qualquer mulher que tenha sonhado tanto com a conquista do positivo. Infelizmente em alguns casos, a mulher sofre com a perda por mais de uma vez. Isso faz com quem a gravidez nunca seja comemorada em sua felicidade máxima, pois o fantasma do sonho perdido está sempre rondando. Mas felizmente, algumas dicas vão ajudar a identificar e superar o problema e viver a gravidez com a tranquilidade que toda mãe merece.

O que é aborto de repetição?


Cerca de 15% a 25% das mulheres tem uma gravidez que evolui para o abortamento. Esse número pode ser ainda maior se consideramos as mulheres que não sabem ainda da gravidez. 

Abortamento é a interrupção (espontânea ou provocada) da gestação antes de 20 semanas (cerca de 5 meses) ou com peso fetal menor que 500 gramas. Denomina-se aborto de repetição ou aborto recorrente ou ainda aborto habitual quando há três ou mais perdas espontâneas consecutivas. 

A maioria dos abortos não é “visível”, isto é, não é percebido, pois ocorre antes do atraso menstrual. Isso ocorre, pois, quando os óvulos são fertilizados no organismo, e somente parte deles gera embriões normais. Numa concepção espontânea, mais da metade dos embriões formados (55%) perdem-se, ou antes mesmo de serem implantados (cerca de 30%), ou logo após serem implantados (mais 25%). Quando a gravidez é diagnosticada, até 25% podem ainda se perder, chegando a nascer somente 30% dos embriões formados. 

O aborto geralmente acontece uma vez na vida da mulher. A maioria das pacientes que sofreram um processo de abortamento irá engravidar e apresentar uma gestação saudável. Menos de 5% das mulheres irão ter um novo episódio de abortamento e apenas 1% irá apresentar três ou mais abortamentos.

Quais as causas do aborto de repetição?


As causas para a ocorrência de abortos de repetição são variadas e devem ser tratadas particularmente. Geralmente, são alterações de ordem cromossômicas/genéticas, anatômicas, presença de trombofilia, alterações endócrino-metabólicas, imunológicas, infecções ou ainda por algum fator masculino. 

Alterações cromossômicas/genéticas: menos de 5% dos casais tem essas alterações, que podem ser avaliadas por exame de sangue, causando problemas genéticos ou cromossômicos no embrião, muitas vezes incompatíveis com a vida.



Grande parte dos AE's (abortos espontâneos) são por causa dessas alterações (cerca de 60% a 76%), e esse número vai aumentando conforme vai aumentando a idade da mãe. No caso de abortos de repetição, essa alteração é encontrada em até 45% dos casos. As alterações mais comuns são duplicações ou perda de algum cromossomo ou de parte dele. Exames de cariótipo (do produto do aborto e dos pais) podem confirmar a causa e determinar o tratamento adequado. 

Alterações Anatômicas: alterações da cavidade uterina podem impedir o crescimento da gestação. As principais alterações anatômicas relacionadas a AR são as malformações müllerianas (septo uterino, útero bicorno, unicorno e didelfo), miomas, pólipos e sinéquias uterinas. Para diagnóstico, recomenda-se ultrassom transvaginal e histeroscopia, entretanto muitas vezes é necessário complementar com ressonância nuclear magnética (RNM) de pelve, ultrassom 3D ou laparoscopia associada a histeroscopia para diferenciar septo de útero bicorno.

Trombofilia: é a propensão a desenvolver trombos e ou outras alterações em qualquer período da vida, inclusive, durante a gravidez, parto e pós-parto, devido a uma anomalia no sistema de coagulação do corpo. O fator genético é uma das causas para a trombofilia. O risco é que se forme coágulos e obstruam a circulação dando trombose venosa profunda, embolia pulmonar e cerebral como também obstruindo a circulação placentária. 

A síndrome antifosfolípide (SAF) é definida como a presença de trombose, ou abortamentos de etiologia auto-imune na vigência de auto-anticorpos circulantes contra fosfolípides ou proteínas associadas a fosfolípides. É uma trombofilia adquirida, diferindo de uma série de condições hereditárias que se caracterizam por processos trombóticos de ocorrência familiar. O diagnóstico é feito pela presença de anticorpos anti-cardiolipina ou anticoagulante lúpico no sangue. O exame positivo deve ser repetido após 6 semanas para confirmação.
Pacientes com SAF devem ser tratadas com aspirina e heparina durante a gestação para evitar novo aborto.

Alterações endócrino-metabólicas: algumas alterações como Diabetes mellitus (DM), Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)Hipotireoidismo, Hiperprolactinemia e problemas com a insuficiência da fase lútea podem estar relacionados ao maior risco de abortos. 
No caso de mulheres diabéticas com aumento de hemoglobina glicosilada no primeiro trimestre têm maior chance de aborto e malformação fetal. Diabéticas controladas têm risco igual ao da população geral. Para pacientes com diagnótico de SOP têm risco aumentado para aborto, provavelmente devido à resistência a insulina e hiperinsulinemia. O uso de sensibilizadores da insulina, como metformina, para diminuir a taxa de aborto tem sido sugerido, entretanto os dados da literatura ainda são controversos. O hipotireoidismo descompensado aumenta o risco de aborto. Assim, em pacientes com AR, deve ser pedido sempre TSH, T4 livre e anticorpos antitireoidianos (antitireoglobulina e antiperoxidase). Como durante a gravidez há uma sobrecarga da glândula tireoide, recomenda-se que em mulheres com hipotireoidismo em tratamento mantenha-se TSH abaixo de 2,5 mlU/l. Em relação ao hipotireoidismo subclínico, quando associado a auto-anticorpos, deve sempre ser tratado. Na ausência de auto-anticorpos não há consenso, mas a tendência é recomendar o tratamento também. A presença de auto-anticorpos para tireoide tem maior prevalência em mulheres com AR (20-25%) em comparação às gestantes normais (15-20%), mas se o tratamento com levotiroxina tem benefício ainda é algo controverso. Recomenda-se nesses casos tratar quando o TSH está acima de 2,5 mlU/l. Nos casos de hiperprolactinemia, sua ligação aos abortos de repetição está na alteração do eixo do hipotálamo-hipófise-ovário, resultando em alteração na foliculogênese, maturação oocitária e insuficiência lútea. Dosagem de prolactina e normalização dos níveis quando elevados com agonistas dopaminérgicos pode melhorar os resultados em uma nova gestação. E apesar de insuficiência lútea não ser frequente e estudos demonstrarem que a suplementação de progesterona não diminui o risco de abortos espontâneos isolados, em pacientes com AR há evidência de benefício e deve ser utilizada no primeiro trimestre. Normalmente é feita com progesterona micronizada 200 mg via vaginal de uma a três vezes ao dia. 

Alterações imunológicas: entre os problemas imunológicos com possível associação com AR, estão Células natural killers (NK), que são linfócitos com receptor CD56+ presentes em sangue periférico e no útero, sua presença aumentada estão relacionadas à falhas na implantação do embrião, contudo não há consenso na literatura médica quanto ao valor aceitável; Incompatibilidade de antígenos leucocitários entre o casal, onde o corpo não aceita o embrião, rejeitando-o.

Infecções:  Qualquer infecção que leve a bacteremia ou viremia pode causar aborto de primeiro trimestre, mas normalmente não estão envolvidas em AR. Toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus (CMV) e sífilis também podem estar associadas a abortos, mas não com AR.

Endometrite crônica está presente em 9-12% das mulheres com AR, mas não está estabelecido se realmente está envolvida na causa. É geralmente assintomática ou com sintomas discretos como o corrimento vaginal, dores pélvicas discretas ou sangramento vaginal irregular. Acredita-se que essa infecção pode produzir toxinas que causam danos ao embrião e ao processo de implantação. É diagnosticada por biópsia de endométrio com anátomo-patológico compatível com infecção (o que nem sempre está presente) ou presença de plasmócito no estroma endometrial (CD138 e EMA) detectado por imuno-histoquímica. Quando presente, deve ser tratada com antibiótico. Recomenda-se ainda bacterioscopia e cultura de secreção vaginal, além de pesquisa específica de Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealiticum, Chamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoea.

Fator masculino: estudos sugerem que o aumento da fragmentação do DNA do espermatozoide aumenta a taxa de aborto e pode estar associado a AR. As causas mais comuns de fragmentação alterada são fumo, idade avançada, drogas e varicocele. A erradicação dessas causas pode melhorar esse problema, mas, se isso não for suficiente, o tratamento com antioxidantes pode ajudar (vitamina C 500 mg/dia, vitamina E 400UI/dia e ácido fólico 5 mg/dia). Em alguns casos, podem ser prescritos anti-inflamatórios e antibióticos, mas sem evidência científica de real benefício.

Embora essas sejam as causas mais comuns, alguns casos de abortos de repetição não são diagnosticados. Nesses casos é importante adotar hábitos saudáveis para diminuir os riscos de abortos como parar de fumar, diminuir o consumo de álcool e cafeína, praticar exercício moderado e controlar o peso. Suplementação de ácido fólico e progesterona também é indicada, e muitas vezes é necessário suporte psicológico para que o casal, abalado pelas perdas prévias, não desista de tentar uma nova gravidez. 

Exames para diagnóstico 


Alguns dados devem ser coletados para tentar diagnosticar as causas dos abortamentos repetidos, tais como:

  • Triagem infecciosa: coleta de exames sorológicos para HIV, hepatite B, hepatite C, sífilis, toxoplasmose, rubéola, CMV, HTLV I/II, parvovírus B19;
  • Cariótipo de sangue periférico paterno e materno: exame sanguíneo que analisa a estrutura cromossômica do pai e da mãe;
  • Pesquisa de trombofilias: exames sanguíneos que avaliam se a mãe é portadora de alguma doença que possa aumentar a coagulação sanguínea e prejudicar o fluxo de sangue que vai para o bebê. A principal trombofilia responsável pelo abortamento de repetição se chama síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAAF) e é caracterizada por perdas gestacionais precoces sequenciais;
  • Ultrassonografia transvaginal: exame que avalia o formato do útero e dos ovários em busca de algum sinal que evidencie cisto ovariano ou malformação estrutural uterina;
  • Histeroscopia diagnóstica: exame que avalia o interior da cavidade uterina em busca de alguma possível malformação uterina, tal como o útero septado;

Quando voltar a tentar?



Segundo  a Organização Mundial de Saúde, para os casos em que houve um episódio de aborto, recomenda-se esperar 6 meses para tentar engravidar novamente, contudo, alguns estudos demonstram que gestações concebidas antes desse prazo apresentam menores complicações comparadas com aquelas que esperaram mais tempo para engravidar. A maioria dos médicos recomenda 3 meses caso a mulher se sinta confortável e o tempo gestacional foi menor. Nos casos de dois ou mais episódios, a avaliação médica deverá indicar o prazo para as tentativas após o tratamento indicado.

Apesar dos prazos indicados pelos médicos, o importante é que cada uma observe seu tempo para se recuperar de uma perda gestacional precoce antes de tentar engravidar novamente. O corpo dá sinais de que está pronto para uma nova gravidez, após quatro a seis semanas a menstruação retornará e estará recuperado para uma nova gestação.



Lembre-se cada pessoa tem sua forma de enfrentar seus sentimentos após uma perda. É importante o respeito mútuo quanto ao tempo para se recuperar da dor de perder um bebê tão desejado.


Aumentando as chances de uma gravidez saudável




Além de escolher um estilo de vida saudável, deve-se começar com as vitaminas pré-natais e principalmente a ingestão de ácido fólico pelo menos 3 meses antes de tentar engravidar. Manter o peso ideal para seu biotipo corporal, juntamente com a prática de exercícios físicos. Limitar a ingestão de cafeina e bebidas alcoólicas, além claro, de evitar o fumo e situações de estresse. 
Converse também com seu médico a respeito dos demais cuidados que deverá tomar no seu caso, como a inclusão de uma dieta alimentar específica ou um tratamento para os abortamentos. É importante saber que as chance de ter uma gestação normal na próxima vez, sem nenhuma intervenção, é de 50-75%, dependendo da idade da mulher e do número de abortos prévios, portanto vale a pena continuar tentando. Boa sorte e até a próxima!

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Endometriose e as chances de engravidar


Muito mais que afetar as tentativas de engravidar, a endometriose tem grande impacto no dia-a-dia da pré-mãe com esse diagnóstico. E muitas sofrem com a insegurança de que um dia chegarão a serem promovidas à mães. Felizmente, a medicina tem hoje muitos recursos que podem ajudar nessa caminhada. 

O que é endometriose?


O endométrio é o revestimento mais interno do útero (parede uterina). É ele que se desfaz quando não ocorre a gravidez, ou seja, é a menstruação propriamente dita. 

A endometriose é uma doença na qual a formação do endométrio ocorre em locais não habituais (fora do útero). Geralmente afeta as trompas e ovários, mas também pode atingir outros locais como intestino, bexiga e reto. Sendo estes os casos mais sérios. É uma doença crônica (não há cura), apenas tratamento para que sua ocorrência seja diminuída e espaçada.



O tecido endometrial uma vez fora do útero tem a capacidade de implantar e proliferar, aumentando a quantidade de células e o tamanho das lesões de endometriose. A disseminação do endométrio pode se dar por proximidade acometendo tecidos e órgãos pélvicos ou pela corrente sanguínea atingindo órgãos fora da pelve. 

De acordo com o local e tamanho das lesões e das aderências, a endometriose pode ser classificada como Endometriose superficial (peritoneal), Endometriose profunda infiltrativa, Endometriose ovariana e Endometriose pélvica. No entanto, a forma mais utilizada pelo mundo é a classificação em graus de acordo com sua intensidade, que é a Endometriose mínima (grau I), Endometriose leve (grau II), Endometriose moderada (grau II) e a Endometriose severa (grau IV).

Qual a causa da endometriose?


Uma das teorias mais conhecidas é a chamada de "menstruação retrógrada", que ocorre quando o fluxo sanguíneo (a menstruação) volta pelas tubas uterinas, sendo derramado nos órgãos próximos, ou seja, a menstruação ao invés de seguir no sentido do canal vaginal, sobe pelas trompas, atingindo os ovários, peritônio (membrana fina que reveste a parede interna do abdome e alguns órgãos) e intestino. Outra teoria seria a de uma falha do sistema imunológico que não destrói o tecido anormal que cresce ou chega até os locais errados ou ainda a hipótese de uma transformação de células, que assumem as características do endométrio, fora do útero. 

Alguns estudos sugerem que a presença de histórico familiar com casos de endometriose é um fator de risco para o seu desenvolvimento. Bem como a baixa imunidade, a ansiedade e o estresse podem agravar os sintomas de quem já sofre com a doença.

Quais os sintomas da endometriose?


Embora algumas mulheres possam não apresentar nenhum sintoma da doença, os sintomas mais comuns são:

  • Cólica menstrual (presente em 90-95% dos casos)
  • Dor profunda na vagina ou na pelve durante relação sexual
  • Dor pélvica contínua não relacionada a menstruação
  • Obstipação intestinal ou diarreia no período menstrual
  • Dor para evacuar
  • Sangramento nas fezes
  • Dor para urinar
  • Sangramento na urina
  • Infertilidade


Como diagnosticar a endometriose?


Inicialmente o médico deverá examinar o histórico sintomático e familiar da paciente. Isso será facilitado se a paciente monitorar durante uns meses os sintomas, podendo manter um diário com os detalhes de quando ocorrem maiores incômodos e o nível de intensidade de cada sintoma.
  
Foco de endometriose 

O exame físico no consultório (de toque) também é feito para verificar se há cistos, dor ou áreas de rigidez. O ultrassom transvaginal também é usado para verificar se há cistos no ovário. 

A alta dosagem de uma marcador no sangue chamado CA125 também pode sugerir endometriose. 

A confirmação da endometriose é feito através de videolaparoscopia que é um exame invasivo, onde uma câmera é inserida para avaliação do órgão reprodutivo da mulher. No hospital, com a paciente devidamente anestesiada, o médico especialista faz alguns pequenos cortes perto do umbigo e da região inguinal (um de cada lado) e passa através deles um tubo com uma luz e uma câmera. O abdome é inflado para que fique mais fácil visualizar os órgãos. A recuperação pode ser bastante dolorida, principalmente por causa do acúmulo de gás no corpo.

Endometriose e infertilidade


Mulheres com endometriose têm menores taxas de fecundidade do que uma mulher sem a doença. Cerca de 50% a 70% das mulheres com diagnóstico de endometriose tem infertilidade e das mulheres com infertilidade (várias causas) cerca de 40% são por causa da endometriose. 

Alguns complicadores causados indiretamente pela endometriose podem causar infertilidade. Dentre eles estão a Distorção anatômica que é a obstrução das trompas, aderências que impedem o transporte do óvulo até o encontro com os espermatozoides no interior da tuba uterina; Mudanças no fluido peritoneal, trata-se da produção de substâncias  e células inflamatórias que interferem com a interação óvulo-espermatozoide; Desordens ovulatórias que são provocadas pelas substâncias inflamatórias e modificações nos folículos ovarianos; Alterações foliculares e embrionárias; Anormalidades miometriais e Desordens de implantação embrionária que são alterações endometriais pela produção local de estrogênio e resistência a progesterona.

Tratamento da endometriose


Como dito anteriormente, a endometriose não tem cura, contudo medicamentos são utilizados para que haja uma melhora dos sintomas clínicos da doença e eventualmente o retardo na evolução das lesões. Normalmente são passados hormônios que tem a capacidade de inibir a produção de estrogênio pelos ovários e com isso diminuir o estimulo ao crescimento do tecido endometrial dentro e fora do útero (endometriose).  Os anticoncepcionais orais ou injetáveis, de uso cíclico ou continuo com suspensão ou não da menstruação, medicamentos só com progesterona e os análogos do GnRH são os mais utilizados. 

Geralmente, quando sintomas como dor e infertilidade estão presentes, é feita a opção pela cirurgia por videolaparoscopia para a retirada das lesões e das aderências, isso permite que a paciente tenha uma melhora da qualidade de vida devido a diminuição ou mesmo extinção da dor, podendo ser possível voltar as tentativas para engravidar em grande parte das mulheres tratadas. 
Quando não há muitos sintomas, ou estes são menos severos e não apresentam riscos de perda de função de algum órgão, a opção pelo tratamento clínico deve ser feita. O tratamento medicamentoso não deve em hipótese alguma ser feito sem a prescrição e acompanhamento médico.

Endometriose e as chances de engravidar


Apesar do medo que o diagnóstico de endometriose pode causar na pré-mãe, fico feliz de informar que cerca de 50% das mulheres com endometriose podem engravidar espontaneamente sem tratamento. E com tratamento adequado grande parte das pacientes com alguma infertilidade causada pela endometriose podem engravidar. A cirurgia por videolaparoscopia com retirada das lesões de endometriose e das aderências pode aumentar as chances de gestação espontânea em mulheres com endometriose em todos os estágios. Em outros casos pode ser necessário a realização de tratamentos com técnicas de reprodução assistida como a inseminação intra-uterina ou a fertilização in vitro

Mesmo que alguns diagnósticos como endometriose possam nos deixar tristes e mesmo sem esperanças é importante manter o pensamento positivo. Busque informações, tratamentos, converse com um especialista em infertilidade e mantenha-se firme na caminha pela realização do seu sonho. Boa sorte e até a próxima.

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