terça-feira, 17 de maio de 2016

Perda de líquido amniótico - Oligohidrâmnio


Para que a gestação se desenvolva bem, é muito importante que o ambiente em que o bebê se encontra seja adequado. O líquido amniótico, envolvido pela bolsa amniótica, é encarregado de proteger o bebê de choques mecânicos e térmicos. A bolsa amniótica normalmente forma-se na segunda semana de gravidez, assim que esta se forma enche-se de líquido amniótico que inicialmente é apenas água proveniente da mãe. Pouco fluido amniótico (oligohidrâmnio) ou muito (poli-hidrâmnio ou hidrâmnio) pode ser uma causa ou um indicador de problemas para a mãe e o bebê. 

Como o líquido amniótico ajuda o bebê?


Além de manter a temperatura  constante dentro do útero e proteger o bebê amortecendo-o de choques e movimentos bruscos, o líquido amniótico (fluído que fica dentro da bolsa amniótica ou bolsa d'água) é muito importante para o desenvolvimento de alguns órgãos, como pulmões e sistema gastrointestinal. 

Ao engolir esse líquido, seu filho vai completando o desenvolvimento desses órgãos. Isso também permite que ele se mexa dentro da barriga, promovendo o desenvolvimento de ossos e músculos, além de:

• Impedir que o cordão umbilical seja comprimido, o que prejudicaria o fornecimento de oxigênio para o bebê;

• Proteger o bebê contra infecções. 


Qual é a quantidade ideal de líquido? 


O volume de líquido amniótico vai aumentando com o decorrer da gravidez, e costuma chegar à sua quantidade máxima por volta de 34 a 36 semanas de gravidez. Nessa altura, a mãe tem entre 800 ml e 1 litro de líquido dentro do útero. Depois disso, o volume vai diminuindo aos poucos, até o bebê nascer.


Tem como saber quanto líquido tem dentro da barriga? 


É necessário fazer um ultrassom para conseguir medir a quantidade de líquido amniótico. Alguns sinais podem levar a desconfiar da baixa quantidade de líquido, como: 

• Perda de líquido amniótico pela vagina (o cheiro é parecido com água sanitária).

• Tamanho do bebê menor que o normal para a idade gestacional 

• Fácil apalpação do bebê pelo lado de fora da barriga 

• Pouca frequência com que o bebê mexe 

• Nascimento anterior com tamanho pequeno para a idade gestacional 

• Pressão alta 

• Diabetes 

• Lúpus 


O que indica pouco líquido no exame?


Na ultrassonografia, dá para medir os bolsões de líquido em vários pontos do útero (o espaço entre o bebê e a parede uterina), e o especialista faz um cálculo que resulta no índice de líquido amniótico (ILA). No terceiro trimestre, o ILA deve estar entre 5 cm e 25 cm. Um índice abaixo de 7 cm é considerado sinal de alerta, e com menos de 5 cm pode fazer com que os médicos prefiram adiantar o parto. 



Índice de Líquido Amniótico

Poli-hidrâmnio relativo ILA= 250-300 mm
Poli-hidrâmnio absoluto ILA> 300 mm
   Oligohidrâmnio relativo ILA= 20-80 mm
Oligohidrâmnio absoluto ILA< 20 mm



O que é oligohidrâmnio? 


Oligohidrâmnio é a redução no líquido amniótico e não é tão rara: cerca de 8 por cento das grávidas têm esse problema em algum ponto da gestação, normalmente no terceiro trimestre.




O bebê corre riscos por eu estar com pouco líquido? 


Uma insuficiência prolongada na quantidade de líquido amniótico durante a gravidez pode causar alguns problemas no desenvolvimento de seu bebê.

 Os problemas podem variar de acordo com a quantidade que houver diminuído e com a etapa da gravidez em que ocorrerem.

 Por exemplo, se acontecerem durante a primeira metade da gravidez, haverá maiores riscos de malformações, abortos espontâneos ou parto muito prematuro. 

As consequências para o bebê dependem da causa da redução no líquido, e se a quantidade está mesmo muito pequena. Pode acontecer em qualquer etapa da gravidez, mas é mais freqüente durante o último trimestre e não exige nenhuma providência, só um acompanhamento um pouco mais atento da gravidez. Não há sintomas específicos.

A maior preocupação quando há redução no volume de líquido antes do terceiro trimestre é que o crescimento dos pulmões do bebê seja prejudicado. Por isso, é provável que você seja submetida a ultrassonografias com mais frequência para acompanhar o desenvolvimento do seu filho. A possibilidade de parto prematuro é outra preocupação. 

Pode ser, porém, que os médicos decidam que o bebê vai se desenvolver melhor fora do útero do que dentro, e resolvam antecipar o parto. É comum que, em casos de falta de líquido amniótico, o bebê esteja sentado, pois o líquido é que facilitaria a movimentação dentro do útero e o posicionamento de cabeça para baixo. 

As causas dessa complicação não estão determinadas ainda, mas costumam acontecer quando a gravidez se prolonga, já que o líquido diminui naturalmente quando o bebê já deveria ter nascido ou quando há algum problema no desenvolvimento.


Como tratar?



O tratamento será determinado pelo médico, levando em consideração suas características e o que for melhor para a mãe e para o bebê. Geralmente, recomendam-se repouso e beber muito líquido. É necessário um acompanhamento freqüente e detalhado da evolução do bebê e da quantidade de líquido amniótico. 

Uma forma de minimizar seus riscos é substituir o líquido perdido por outro similar. Esse procedimento é chamado de amnioinfusão. Se a saúde da mãe e a do bebê estiverem em risco, provavelmente o médico tentará realizar o parto o mais cedo possível.


Por que o líquido diminui? 


Nem sempre a causa do oligohidrâmnio é conhecida. A diminuição do volume do líquido é mais observada nos meses de clima quente, por isso os especialistas acreditam que ela tenha relação com a desidratação materna. Dessa maneira, o médico costuma recomendar que a mãe tome muito líquido. Repouso e banhos de imersão também costumam ser recomendados pelos obstetras.


Outras causas para a redução no líquido amniótico


Ruptura parcial da bolsa
Quando há uma pequena abertura na bolsa, o líquido pode escapar. Pode acontecer em qualquer ponto da gravidez, mas é muito mais frequente perto do final da gestação. Às vezes a abertura se fecha sozinha e o líquido pára de vazar (por exemplo, quando a perda de líquido acontece depois de uma amniocentese.
O maior perigo dessa ruptura parcial da bolsa, além do oligohidrâmnio, é a entrada de bactérias, que podem provocar uma infecção. Assim, o médico deverá estar mais atento para qualquer sinal de infecção.

Problemas na placenta
Pode ser que a placenta não esteja produzindo sangue e nutrientes em quantidade adequada para o desenvolvimento do bebê. Quando os bebês são pequenos, produzem menor quantidade de urina, por isso os níveis de líquido amniótico ficam baixos.

Anomalias no bebê 
Quando o líquido fica abaixo do normal ainda no primeiro ou no segundo trimestre, pode ser que haja alguma malformação interferindo na produção de urina pelo bebê. O médico deve pedir um ultrassom detalhado para verificar o desenvolvimento dos rins do bebê e do trato urinário, além do coração. 

Síndrome da transfusão feto-fetal 
Quando a mulher está grávida de gêmeos idênticos e cada um tem sua própria bolsa, há entre 10 e 15 por cento de possibilidade de eles terem a síndrome da transfusão feto-fetal - um bebê recebe mais sangue e nutrientes da placenta que o outro. Nesses casos, o gêmeo "doador" acaba ficando com menos líquido amniótico, enquanto o "receptor" fica com líquido em excesso. 

Se a mulher estiver grávida de gêmeos, terá que fazer ultrassonografias com frequência para acompanhar os níveis de líquido amniótico e o desenvolvimento de cada bebê. 

Medicamentos 
Determinados remédios podem causar oligohidrâmnio. A medicação contra hipertensão à base de inibidores da enzima conversora da angiotensina (inibidores da ACE), por exemplo, afeta o funcionamento dos rins do bebê e deve ser evitada. Alguns remédios usados para combater a ameaça de parto prematuro também podem afetar os rins do bebê, assim como o ibuprofeno. Por isso é muito importante nunca usar nenhum remédio na gravidez sem falar com o médico.

Trabalho de parto com pouco líquido


Já nos casos em que a grávida entra em trabalho de parto com pouco líquido amniótico, o obstetra pode inserir um pequeno tubinho até ao útero para inserir uma substância que substitui o líquido amniótico, no caso de parto normal, e que permite evitar complicações como a falta de oxigênio no bebê, que pode acontecer caso o cordão umbilical fique preso entre a mãe e o bebê. Porém, este tratamento não serve para tratar a falta de líquido amniótico durante a gestação porque só funciona enquanto o líquido está sendo injetado durante o parto normal.

Em breve haverá outro post a respeito de Poli-hidrâmnio, que é o excesso de líquido amniótico. Fique sempre atenta aos sinais do seu corpo, principalmente as hipertensas, diabéticas ou que tenham lúpus. Se começar a perder líquido pela vagina ou se o bebê não se mexe com a frequência de antes, é bom procurar um médico, mesmo em qualquer situação que se sinta desconfortável, ainda que pareça ser uma coisa sem importância. Até a próxima.

Leia também:

Exame do Cotonete - Estreptococos B

Bebê Sentado - O que é Versão Cefálica Externa?

Pré-eclâmpsia: o que é?

A placenta - Conhecendo mais!

Epidural: tomar ou não?

As fases do trabalho de parto?

Dores na gravidez

Secreções vaginais: o que é normal ou não?

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Pré-eclâmpsia: o que é?


Muitos são os cuidados que a mulher deve ter durante a gestação, tanto por sua saúde quanto pela saúde do bebê em desenvolvimento. Para que a gravidez se desenvolva bem, o organismo adota alguns mecanismos imunológicos para garantir que o bebê, um corpo geneticamente diferente, possa crescer saudavelmente. Isso tudo se deve ao fato de que é natural que o nosso sistema de defesa ataque tudo o que é diferente e que poderia ser um risco para a saúde do organismo. Em alguns casos, porém, o bebê libera proteínas na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica da gestante, que agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial.

O que é pré-eclâmpsia?


A pré-eclampsia é uma condição específica da gravidez e ocorre devido a hipertensão arterial. O nome pré-eclâmpsia foi dado uma vez que essa condição favorece a eclâmpsia, um tipo de convulsão que acontece na gravidez e pode ser fatal para a mãe e bebê. A pré-eclâmpsia em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre.

Quais as causas da pré-eclâmpsia?


A causa exata da pré-eclâmpsia é desconhecida. Especialistas acreditam que ela começa na placenta - o órgão que nutre o feto durante a gravidez. No início da gravidez, novos vasos sanguíneos se desenvolvem e evoluem para enviar eficientemente o sangue para a placenta. Em mulheres com pré-eclâmpsia, estes vasos sanguíneos não parecem desenvolver-se adequadamente. Eles são mais estreitos do que os vasos sanguíneos normais e reagem de forma diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir através delas.

Representação esquemática do útero humano em três situações: (A) não-gravídico, (B) com pré-eclâmpsia e (C) em uma gestação normal. Na gestação normal há invasão completa de citotrofoblasto e remodelamento das artérias espiraladas maternas. Na gestação pré-eclâmptica, a invasão do citotrofoblasto é superficial e limitada a regiões mais externas da decídua basal. 


As causas deste desenvolvimento anormal podem incluir:

  • Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero
  • Danos aos vasos sanguíneos
  • Um problema com o sistema imunológico
  • Certos genes
  • Outros distúrbios de pressão arterial elevada durante a gravidez.

Quais os riscos da pré-eclampsia?




A pré-eclampsia se não tratada precocemente pode complicar a gravidez, trazendo risco de morte para mãe e bebê. Na mãe causa edema cerebral (o inchaço do cérebro ainda pode causar o descolamento da retina, deixando a paciente cega, deixá-la confusa ou provocar um Acidente Vascular Cerebral), insuficiência renal, insuficiência cardíaca e desprendimento prematuro da placenta da parede uterina.



Esse desprendimento ocasiona hemorragia vaginal e afeta o fornecimento de oxigênio e de nutrientes que o feto precisa e este pode morrer. Mesmo que a placenta não se desprenda, a hipertensão pode reduzir o fornecimento de sangue que a placenta recebe e retardar o crescimento fetal. A pré-eclampsia também causa abortamento, prematuridade e sofrimento fetal agudo e crônico.

Quais os sintomas?


Os sintomas mais conhecidos são o aumento de pressão arterial edema (inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial, aumento exagerado ou rápido (de 2 a 5 quilos em uma única semana) do peso corpóreo e a presença de proteína na urina após 20 semanas de gestação, mas a pré-eclâmpsia pode existir mesmo sem esses sinais. Contudo, a pré-eclâmpsia também pode ser assintomática.

Se a pré-eclâmpsia progride, é possível observar outros sintomas, tais como:
  • Dor de cabeça
  • Alterações da visão (visão turva, visão dupla, vendo pontos de luz)
  • Dor abdominal, especialmente no canto superior direito, ou meio abdômen
  • Urinar com menos frequência
  • Falta de ar
  • Náuseas ou vômitos
  • Confusão
  • Convulsão

Até é possível ter sintomas de pré-eclâmpsia antes de 20 semanas, mas somente em casos mais raros, como nos de uma gravidez molar. O mais comum é que o problema apareça depois da 37ª semana, incluindo durante o parto ou depois (geralmente nas primeiras 48 horas). 

A pré-eclâmpsia pode progredir de maneira lenta ou rápida. Os casos rápidos são os mais graves e preocupantes.


Diagnóstico e fatores de risco




O diagnóstico é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de sangue e de urina. A realização de duas medições da pressão arterial em um intervalo de 4 h, com o resultado maior ou igual 140/90 mmHg, juntamente com a presença de proteínas em amostras de urina com concentrações superiores a 300 mg/dia, são suficientes para diagnosticar a doença.

São fatores de risco:

  • Hipertensão arterial sistêmica crônica
  • Primeira gestação
  • Diabetes
  • Lúpus
  • Obesidade
  • Histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas
  • Gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos
  • Gestação gemelar

Qual o tratamento?


Se há diagnóstico de pré-eclâmpsia, grávida e equipe médica devem trabalhar para que o bebê não corra risco de complicações antes do parto ocorrer. Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil, sendo a principal causa de morte durante a gravidez no país.

A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.

O tratamento é feito através de uma dieta alimentar controlada e medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes são indicados para o controle dos quadros mais graves. No caso de agravamento da doença, a gestante pode ser internada para monitoramento dela e da criança. Em casos extremos, o aborto ou a antecipação do parto são considerados. A indicação de interromper a gravidez depende da idade gestacional, da gravidade da pré-eclampsia ou eclampsia e da presença ou não de complicações. A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.
Normalmente a gravidez já traz muitas preocupações para a futura mamãe, contudo, ter que conviver com uma complicação potencialmente grave da gravidez, como é o caso da pré-eclâmpsia, pode ser assustador. Nesse momento, contar com a ajuda de grupos de suporte e materiais informativos podem ajudar a entender melhor essa condição. Além de conversar com o médico, faça alguma pesquisa. Certifique-se de entender quando é necessário buscar ajuda médica, como você deve monitorar o bebê e sua condição. Até a próxima.