Casais até 34 anos podem levar até um ano para engravidar, após esse período já devem consultar um médico para avaliar o motivo da demora. No caso de casais entre 35 e 38 anos, essa espera reduz para 6 meses e casais com idade acima de disso devem procurar o médico já no momento em que decidirem aumentar a família.
Como se preparar para o exame?
Normalmente o médico pedi que o paciente evite manter relações sexuais por dois ou três dias, para garantir volume suficiente para a análise. Contudo, não se pode deixar de ejacular por muito tempo pois os espermatozoides perdem a motilidade, o que irá comprometer o resultado do exame. Isso pode ocorrer depois de uns 7 dias sem ejacular. Talvez seja necessário repetir o exame duas ou três vezes no prazo de um a três meses pois a quantidade de espermatozoides pode variar.
O que vão avaliar nos peixinhos do pré-pai?
Geralmente o primeiro exame pedido é o Espermograma (os peixinhos do marido!). Para que tenha maior possibilidade de ocorrer a gravidez, as características que serão avaliadas no esperma: volume de esperma produzido, o pH (acidez), a viscosidade, a cor e a liquefação do sêmen apresentam-se normais, a motilidade (se eles se movem bem) e a morfologia dos espermatozoides e o número dos mesmos.
Quando o volume de esperma é baixo, os espermatozoides podem não chegar ao canal cervical. Normalmente o volume do fluido é de 1 ml a 5 ml (equivale a uma colher de chá).
Além do volume, o nível de acidez do esperma também é avaliado. Ele deve ser alcalino, ou seja, não pode ter pH ácido, para que neutralize a acidez natural da vagina, fazendo com que os peixinhos cheguem vivos ao útero.
A viscosidade do esperma deve ser adequada para que os espermatozoides possam nadar até o útero. Depois de ser ejaculado, o esperma vira uma espécie de geleia, isso protege os peixinhos da acidez da vagina, depois de uma meia hora, ele volta a ficar líquido para permitir a locomoção até o útero. Se essa liquefação não ocorre, não haverá possibilidade de gravidez.
A motilidade é a avaliação de como os espermatozoides se movem, ou seja, se eles tem motilidade diminuída podem não conseguir chegar ao útero a tempo. A motilidade analisa quatro tipos de movimentos divididos em quatro grupos, nomeados de A, B, C e D.
No Grupo A estão os peixinhos mais rápidos, ele é chamado de grupo de progressão linear rápida. Por ter maior chance de fertilizar o óvulo, é considerado o melhor grupo e deve estar presente na proporção de 25% da concentração total. No Grupo B estão os peixinhos um pouco mais lentos, que podem ser de progressão linear lenta ou progressão não linear (se movem para todos os lados), é considerado bom, e deve estar em uma proporção que, somada à do tipo A, totalize 32%. E no Grupo C estão os espermatozoides com menores chances de fertilizar o óvulo, são chamados de grupo de motilidade não progressiva, pois se mexem mas não saem do lugar. Eles podem ser utilizados nas fertilizações in vitro pois podem fertilizar o óvulo. Dessa forma, temos então a formação do grupo de "espermatozoides móveis", ou seja, aqueles com chances de fertilizar o óvulo. Os espermatozoides móveis são formados pelo somatório dos grupos A, B e C (A+B+C), que devem totalizar 40% no mínimo, de acordo com a nova classificação da OMS (Organização Mundial de Saúde). O Grupo D é formado pelos peixinhos que são totalmente imóveis e incapazes de fertilizar o óvulo. Um resultado considerado normal seria de 40% ou mais de espermatozoides móveis.
A morfologia também deve ser avaliada. Num sêmen normal, os espermatozoides têm cabeça ovalada e cauda curvada. Quando há uma grande quantidade de espermatozoides que não apresentam a morfologia adequada, a capacidade de fecundar um óvulo pode ser prejudicada. Abaixo está a imagem do quadro morfológico do espermatozoide e as possíveis deformações:
O número de espermatozoides também deve ser analisado. Uma contagem considerada normal é acima de 20 milhões de espermatozoides por mililitro de sêmen.
Resultados considerados alterados
Há uma classificação para cada tipo de alteração, são elas: Azoospermia, Oligospermia, Astenospermia, Necrospermia e Teratospermia.
Azoospermia: é a ausência completa de espermatozoides na ejaculação, após a centrifugação. Na maioria das vezes, este problema pode ser resolvido pelas técnicas de reprodução assistida. Pode ser em decorrência de insuficiência testicular, chamada azoospermia não obstrutiva (os espermatozoides não são produzidos) ou por obstrução, chamada azoospermia obstrutiva (os espermatozoides são produzidos, mas existe uma obstrução que impede a saída do material ejaculado).
As causas da NÃO obstrutiva são os processos infecciosos, DSTs, caxumba, irradiação, drogas, problemas hormonais, alterações anatômicas e doenças congênitas, como a microdeleção do cromossomo Y e a Síndrome de Klinefelter.
As causas das obstrutivas mais comuns são a ausência do ducto deferente (fibrose cística), a vasectomia, as infecções e os traumatismos. Todos podem obstruir o trajeto.
Oligospermia: corresponde à diminuição do número de espermatozoides. Pode ser discreta, moderada ou severa, dependendo da proporção dessa redução. As causas podem ser hormonais, efeitos colaterais de medicamentos, fatores ambientais, infecções (DSTs), hábitos inadequados, varicocele e outros.
Astenospermia: é quando a motilidade dos espermatozoides está diminuída e, segundo alguns autores, é a alteração mais frequente no espermograma. As causas mais comuns são as infecções imunológicas, varicocele, tabagismo, alcoolismo, medicamentos, problemas psíquicos e endócrinos, estresse e doenças profissionais.
Necrospermia: refere-se à diminuição do número de espermatozoides vivos.
Teratospermia: são alterações do formato do espermatozoide. Os principais responsáveis por essas alterações são: as inflamações, algumas drogas, origem congênita e varicocele. Os espermatozoides capazes de fertilização devem ter formato perfeito.
A presença de infecções também pode ser detectada no espermograma, através da avaliação da presença de leucócitos no sêmen (leucospermia), que pode ser sinal de infecção. Complementa-se a investigação com espermocultura. A infecção genital pode ser um fator importante de infertilidade masculina. As bactérias mais frequentes, que comprometem a fertilidade do homem, são: Escherichia coli, Neisseria gonorrhoea, Chlamydia trachomatis, Micoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum. O diagnóstico pode ser complementado com outros exames laboratoriais. Em alguns casos, a ultrassonografia da próstata, transretal ou pélvica, pode auxiliar no diagnóstico de infecção crônica da próstata e vesículas seminais.
Outros exames que podem ser feitos
Como foi mencionado, o espermograma é um dos primeiros exames que podem ser requisitados pelo médico que quiser avaliar a fertilidade do parceiro. Contudo, alguns outros exames podem ser feitos para complementar a avaliação.
Para uma investigação inicial pode ser requisitado além do espermograma, o exame de capacitação espermática (consiste em avaliar o tempo de vida dos espermatozoides do grupo A, ou seja, quanto tempo os melhores peixinhos sobrevivem em condições adequadas, iguais as encontradas no corpo da mulher) e a espermocultura (cultura de esperma para exame bacteriológico e identificação de microrganismos patogênicos).
Caso haja necessidade de um aprofundamento da investigação da infertilidade poderão ser feitos outros exames, como: avaliação de bolsa escrotal, no caso de haver qualquer alteração seminal, onde poderá ser feito através de ultrassom de bolsa escrotal ou exame físico; avaliação hormonal, caso haja alteração seminal, investigando os níveis dos hormônios FSH, LH, estradiol, SDHEA, androstenediona, testosterona total e livre; fragmentação do DNA dos espermatozoides, indicado nos casos de idade avançada, hábitos inadequados que possam comprometer os espermatozoides, caso haja alteração morfológica dos espermatozoides, falha de tratamentos anteriores ou em caso de aborto recorrente da parceira; exame cariótipo com banda G, nos casos de oligospermia severa, azoospermia e também nos casos de falha do tratamento anterior ou aborto recorrente; microdeleção do cromossomo Y nos casos de oligospermia ou azoospermia; pesquisa de fibrose cística nos casos em que houve descoberta de azoospermia obstrutiva por agenesia do ducto deferente; por último poderá também optar pela biópsia dos testículos nos casos em que haja indicação devido a azoospermia.
O que fazer para melhorar a qualidade dos peixinhos
Observar os hábitos alimentares, evitando a ingestão de gordura trans (presentes em carne vermelha, leite e derivados) que está associada à queda de fertilidade e aumentando a ingestão de ômega 3 (presente em peixes, frutos do mar, amêndoas, nozes e óleos vegetais como canola, algodão, linhaça e oliva), além manter atividades físicas diárias é muito importante. Evitar hábitos que são prejudiciais à fertilidade como o fumo, consumo de alcoólico, medicamentos ou drogas que interfiram na fertilidade é fundamental.
Incluir na dieta alimentar a ingestão de vitaminas e suplementos nutricionais que contenham ácido fólico, vitaminas C e E, coezima Q10, picnogenol, selênio e zinco apresenta muitos benefícios.
O Tribulus Terrestris é uma erva natural conhecida pelas tentantes pois ajuda no tratamento para impotência masculina e estimulante sexual. Ajuda na produção do esperma e também estimula a testosterona. Pode ser encontrada em casas de produtos naturais ou farmácias de manipulação. Tem a vantagem de ser natural e pode ser utilizada pelo maridão numa boa nos casos em que não precise de tratamento hormonal convencional.
Em casos especiais, após confirmação laboratorial de insuficiência hormonal, o especialista poderá prescrever o uso de medicamento hormonais para melhorar a fertilidade.
Já nos casos mais complexos, na maioria em que há alteração seminal, a indicação é a Fertilização in vitro, associada à ICSI (Intracitoplasmatic Sperm Injection – Injeção Intracitoplásmatica de Espermatozoide). Essa indicação é feita, pois nesses tratamentos, são necessária quantidades mínimas de espermatozoides. Entretanto, nos casos de azoospermia (ausência de espermatozoides), podem ser necessárias técnicas mais avançadas para recuperação dos espermatozoides.
Não são apenas fatores físicos que irão determinar a qualidade dos peixinhos. Devemos cuidar das escolhas feitas no nosso dia-a-dia. Problemas com baixa estima ou vida estressante também podem interferir na qualidade dos espermatozoides.
Muitas vezes o homem não gosta de fazer espermograma já que podem pensar que sua masculinidade ou sexualidade estão sendo testadas. Nesse momento, é muito importante conversar com ele e explicar que essa é uma etapa fundamental para que o sonho do casal seja realizado. Espero que tenham gostado e boa sorte.
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