terça-feira, 12 de abril de 2016

Secreções vaginais: o que é normal ou não?



Quando se trata de conhecer o corpo, muitas mulheres ignoram completamente os sinais que podem facilitar a conquista do positivo. O equívoco mais comum é tentar achar padrões que indicam o período fértil ou gravidez com base nos sintomas de outras mulheres. Claro que isso ajuda, mas os sinais que seu corpo manda são únicos e é neles que você deve se concentrar para saber se há algo novo acontecendo ou se há algo errado. A secreção vaginal é dos sinais que podemos observar, mesmo sua ausência tem muito a nos dizer.

Tipos de secreções vaginais


Quando falamos de secreção ou corrimento vaginal, a primeira coisa que vem à mente é que a secreção ou corrimento é algo relacionado à doença. A secreção ou corrimento é um fluido contendo substâncias que o corpo manda para o exterior do corpo. Alguns desses fluídos ou secreções serão fisiológicas, ou seja, são ocorrências normais do funcionamento do organismo e outros serão patológicas (em decorrência de doenças).

Secreções Normais


Durante um ciclo menstrual a mulher passa por diversas fases hormonais que vão interferir no aspecto da secreção vaginal. Também conhecido como muco cervical, essa secreção só é notada quando passa pela vulva (ou seja, quando chega à calcinha) ou quando a mulher tem o hábito de verifica-lo através do toque. 
Como sentir o colo do útero

De maneira geral, a secreção normal é de odor fraco ou imperceptível, com coloração branca, esbranquiçada ou transparente e com aspecto leitoso ou aguado. Não apresentam outros sinais junto com seu aparecimento como irritação ou coceira, dor, vermelhidão, seja na vagina (parte interna) ou na vulva (parte externa).

No ciclo menstrual o muco se deve ao efeito dos hormônios Estrogênio, na primeira fase do ciclo (antes da ovulação) e Progesterona, na segunda fase do ciclo (depois da ovulação). 

A função da secreção ou muco é umedecer, lubrificar e manter a vagina limpa, dificultando o surgimento de infecções. Eventos como na gravidez, uso de anticoncepcionais à base de estrogênios, no meio do ciclo menstrual, perto da ovulação irão alterar o aspecto do muco cervical. (Saiba mais sobre Muco Cervical).



Algumas mulheres apresentam uma secreção como borra de café ou pode ser mais clara com aspecto de caramelo. Serão consideradas normais casos sejam devido à ovulação (quando a mulher apresenta ovulação com um leve sangramento que se mistura ao muco cervical transparente) ou caso seja decorrente de nidação (implantação do embrião na parede do útero). 


Secreção devido à nidação

É normal a mulher ter um período chamado de "seco", ou seja, sem que possa se notar qualquer tipo de secreção. Contudo, caso a mulher se sinta sempre seca, o melhor é procurar um médico para verificar do que se trata.

Secreções Anormais


As secreções anormais são decorrentes de algumas doenças, onde as mais comuns são as vaginites, também chamadas de colpites, que é a infecção da vagina, provocada normalmente por bactérias ou fungos. O corrimento também pode surgir por atrofia da mucosa da vagina após a menopausa, alergia a algumas substâncias, como espermicidas, ou pela presença de um corpo estranho na vagina. A seguir algumas causas de secreções anormais:

Candidíase - Também conhecida por Monoliase Vaginal, a candidíase vaginal é uma infecção ocasionada por fungo, o Cândida ou Monília, que causa um corrimento espesso, grumoso e esbranquiçado, acompanhada geralmente de irritação no local, com prurido (coceira) e/ou ardência na vulva, dor para urinar, dor durante o ato sexual.

Para alguns especialistas, a candidíase não é uma doença sexualmente transmissível, pois pode ocorrer mesmo sem o contato íntimo. Alguns estudos indicam que o fungo pode estar na flora vaginal, assim, quando a resistência do organismo cai ou quando a resistência vaginal está baixa pode ocorrer a multiplicação do fungo e a manifestação dos sintomas. O uso de alguns antibióticos, gravidez, Diabetes, outras infecções (HIV por exemplo), deficiência imunológica, anticoncepcionais e corticoides, relações com parceiro contaminados, usar vestuário inadequado (roupas apertadas, biquínis molhados, roupas que aumentem a temperatura vaginal por longos períodos) ou duchas em excesso, contribuem para o aparecimento dessa micose. 

Gonorreia e ClamídiaA gonorreia e a Clamídia são duas doenças sexualmente transmissíveis (DST) causadas respectivamente pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Ambas doenças causam uma cervicite (infecção do colo do útero) e podem cursar com corrimento vaginal, geralmente de aspecto mucopurulento (amarelo turvo). Outros sintomas associados incluem dor para urinar, dor durante o ato sexual, normalmente com sangramento pós-coito e irritação na vulva.

Tricomoníase - É uma infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas Vaginalis. Sua transmissão ocorre por meio das relações sexuais ou contato íntimo com secreções de uma pessoa contaminada. Pode ser transmitida por mulher/homem e mulher/mulher. Em geral, afeta mais as mulheres.

O Trichomonas vaginalis é um parasita que só infecta o ser humano; costuma viver na vagina ou na uretra, mas pode também ser encontrado em outras partes do sistema geniturinário. Por viver principalmente na parte interna da vagina, essa doença causa microlesões e dores, e pode até levar ao desenvolvimento de outras DSTs. Normalmente a doença se apresenta com um corrimento fino, amarelo-esverdeado, de odor desagradável, associado aos outros sinais clássicos de vulvovaginite, como dor ao urinar, irritação da vulva e sangramento/dor durante o coito.


Vaginose bacteriana - Essa infecção desencadeia um desequilíbrio da flora vaginal fazendo com que a concentração de bactérias aumente. Atualmente, a Vaginose Baceteriana é considerada uma proliferação maciça de uma flora mista, que inclui Gardnella Vaginallis, Peptoestreptococcus e Micoplasma hominis.



Durante a menstruação, a Vaginose causa um odor desagradável e forte, pois nesse período a ação das bactérias aumenta. Essa doença ocorre principalmente em mulheres na idade reprodutiva, que usam DIU ou são fumantes. A proliferação de bactérias e a queda no número de lactobacillus faz com que haja um aumento significativo do pH da vagina, sendo esta uma das dicas para o diagnóstico.



Outras causas são devidos à alergia ao lubrificante da camisinha, a espermicidas, a perfumes, sabonetes ou produtos de higiene íntima, etc., podem causar uma reação alérgica na vagina/vulva, levando ao aparecimento de corrimento. Também pode ocorrer por causa de Infecção pelo verme oxiúrus, Infecção pelo HPV, Herpes genital, Câncer do colo do útero, alergia ao sêmen (causa rara), Vulvovaginite pela bactéria Streptococcus ou por corpo estranho retido dentro da vagina (absorvente interno ou camisinha “perdida”, por exemplo).

Características das secreções





Diagnósticos e tratamentos


Quando se trata de secreções vaginais normais, não haverá presença de nenhum outro sintoma que possa incomodar, tais como irritação, vermelhidão ou coceira e nem odores fortes. Sempre que houver a presença desses ou de outras sintomas deve-se consultar um médico para que sejam feitos exames para confirmar a causa. 

O tratamento depende da causa da secreção e só pode ser passada pelo ginecologista. Embora possamos achar indicações na internet de remédios (caseiros ou não), um tratamento errado poderá agravar o quadro clínico. Não tente adivinhar a causa do corrimento anormal. É importante apenas saber identificar o que é fisiológico ou patológico. Procure sempre um médico para esclarecer qualquer dúvida. Até a próxima!






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