quarta-feira, 20 de julho de 2016

Femara (Letrozol) como indutor de ovulação


Quando se trata de medicamento para engravidar, sempre recomendo muita cautela. Muitas vezes ouvimos alguém que usou determinado remédio e conseguiu engravidar, então a pessoa fica tentada a usar também. Confesso que não conhecia nada a respeito, quando uma amiga perguntou sobre o Femara (Letrozol). Aqui vão as informações que encontrei a respeito:

Para que serve o Femara (Letrozol)?


Femara (Letrozol ou Letrozole) é um medicamento utilizado no tratamento de alguns tipos de câncer de mama em mulheres após a menopausa. Trata-se um inibidor da aromatase de terceira geração, enzima responsável por converter os androgênios produzidos nas adrenais em estrógenos. São usadas na terapia adjuvante e no tratamento do câncer de mama metastático, principalmente naqueles com receptor de estrógeno positivo. Essa droga têm efeito na diminuição da quantidade de estrogênio sintetizada pelo organismo, suprimindo os níveis de estradiol sérico. Em outras palavras, ele funciona através da redução da quantidade total de estrogênio produzido no corpo. Isso ajuda a matar de fome as células cancerosas, privando-os de estrogênio.

Uso do Letrozol como indutor de ovulação


O uso do Letrozol como indutor de ovulação é devido ao efeito de feedback negativo no eixo hipotálamo-hipófise ou pelo aumento da sensibilidade dos folículos ao FSH ao acumular androgênios intra-ovarianos. Ou seja, com a diminuição do estrogênio, o FSH é mais estimulado e esse hormônio faz com que os folículos ovulatórios cresçam mais. Assim ele tem efeito indutor de ovulação. (O que são indutores de ovulação?)

Letrozol versus Citrato de Clomifeno


Alguns pacientes pode apresentar maior resistência ao citrato de clomifeno, sendo mais sensíveis para indução da ovulação com inibidores da aromatase, como o Letrozol, que apresenta menores efeitos colaterais no espessamento endometrial comparado ao clomifeno e um possível risco diminuído de gravidez múltipla. Em outras palavras, o Letrozol deixaria o endométrio mais grosso que o clomifeno e também teria menos risco de gravidez de mais de um bebê. Um estudo controlado randomizado mostrou que o letrozol possui menor estimulação ovariana quando comparado ao clomifeno, o que poderia contribuir para um menor número de gestações múltiplas. 


Letrozol como indutor para quem sofre com SOP



As mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) possuem diversos cistos pequenos nos ovários que impedem os óvulos de amadurecer de forma adequada. Assim, geralmente a infertilidade é tratada com clomifeno (Clomid, Indux, Serophene) para estimular a produção de óvulos. Porém, alguns médicos acreditam que o tratamento com Letrozol apresentaria melhores resultados. 


Um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine, dividiu de forma aleatória 750 mulheres inférteis com SOP em dois grupos, cada grupo tomou um dos medicamentos. Elas realizaram até cinco ciclos de tratamento.

Após controlar os fatores como histórico de fertilidade, raça e diversos níveis de hormônios no sangue, os pesquisadores descobriram um aumento significativo da ovulação, fecundação e gestação nas mulheres que tomaram o letrozol.

As diferenças em relação aos efeitos colaterais e eventos adversos graves foram poucas entre os dois grupos, e as participantes que tomaram o letrozol estavam 44% mais propensas a dar à luz.

Riscos do uso do Letrozol como indutor



Muitas meninas referem-se ao Letrozol como indutor de ovulação, o que tecnicamente está incorreto, já que até o momento, seu uso não é indicado pelo fabricante para induzir a ovulação, embora seus efeitos tenham essa característica. Disponível no Brasil, o uso do letrozol para estimular ovulação é o que se chama de "off label" – quando um medicamento para um determinado fim é usado para outro propósito. 


Alguns países não recomendam o uso dos inibidores da aromatase pela possibilidade de malformações fetais. Em dezembro de 2005, o laboratório Novartis divulgou um aviso mundial baseado num estudo canadense que diz que o medicamento letrozol (Femara) pode causar defeitos congênitos e abortos se usado na reprodução assistida. O mesmo alerta foi distribuído aos médicos pelo governo canadense. Embora, muitos profissionais tenham contestado esse estudo, devido ao mesmo ter sido feito a partir de um número pequeno de gestações e por não ter uma base adequada de análise. Essa contestação se deve ao fato de que a droga seria eliminada do organismo antes mesmo do óvulo ser fertilizado, portanto sem ter como causar má-formação no bebê. Alguns especialistas avaliam ainda que o estudo que motivou o alerta é frágil, pois não exclui outros fatores de risco que podem gerar má-formação fetal e abortos, como a gravidez em idade avançada.

Pessoalmente, acredito que o uso de uma medicação que não conta com bons estudos de base, pode trazer prejuízos, mas que cabe a cada mulher avaliar se os riscos valem a pena e também se desejam usar um medicamento dessa forma. Fazer uso de um remédio por indicação de amigas e mesmo de artigos da internet (como é o caso deste post!) é correr um risco de obter mais complicações do que benefícios. Portanto, o melhor é contar com um médico de confiança e que avalie se determinado tratamento vale mais que possíveis danos que sejam derivados deste. Ainda que alguém tenha sido beneficiada por determinada medicação, nem sempre os efeitos no seu organismo será o mesmo que no nosso. Consulte sempre um médico! Até a próxima.

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