Muitos são os cuidados que a mulher deve ter durante a gestação, tanto por sua saúde quanto pela saúde do bebê em desenvolvimento. Para que a gravidez se desenvolva bem, o organismo adota alguns mecanismos imunológicos para garantir que o bebê, um corpo geneticamente diferente, possa crescer saudavelmente. Isso tudo se deve ao fato de que é natural que o nosso sistema de defesa ataque tudo o que é diferente e que poderia ser um risco para a saúde do organismo. Em alguns casos, porém, o bebê libera proteínas na circulação materna, que provocam uma resposta imunológica da gestante, que agride as paredes dos vasos sanguíneos, causando vasoconstrição e aumento da pressão arterial.
O que é pré-eclâmpsia?
A pré-eclampsia é uma condição específica da gravidez e ocorre devido a hipertensão arterial. O nome pré-eclâmpsia foi dado uma vez que essa condição favorece a eclâmpsia, um tipo de convulsão que acontece na gravidez e pode ser fatal para a mãe e bebê. A pré-eclâmpsia em geral, instala-se a partir da 20ª semana, especialmente no 3° trimestre.
Quais as causas da pré-eclâmpsia?
A causa exata da pré-eclâmpsia é desconhecida. Especialistas acreditam que ela começa na placenta - o órgão que nutre o feto durante a gravidez. No início da gravidez, novos vasos sanguíneos se desenvolvem e evoluem para enviar eficientemente o sangue para a placenta. Em mulheres com pré-eclâmpsia, estes vasos sanguíneos não parecem desenvolver-se adequadamente. Eles são mais estreitos do que os vasos sanguíneos normais e reagem de forma diferente à sinalização hormonal, o que limita a quantidade de sangue que pode fluir através delas.
As causas deste desenvolvimento anormal podem incluir:
- Fluxo sanguíneo insuficiente para o útero
- Danos aos vasos sanguíneos
- Um problema com o sistema imunológico
- Certos genes
- Outros distúrbios de pressão arterial elevada durante a gravidez.
Quais os riscos da pré-eclampsia?
A pré-eclampsia se não tratada precocemente pode complicar a gravidez, trazendo risco de morte para mãe e bebê. Na mãe causa edema cerebral (o inchaço do cérebro ainda pode causar o descolamento da retina, deixando a paciente cega, deixá-la confusa ou provocar um Acidente Vascular Cerebral), insuficiência renal, insuficiência cardíaca e desprendimento prematuro da placenta da parede uterina.
Esse desprendimento ocasiona hemorragia vaginal e afeta o fornecimento de oxigênio e de nutrientes que o feto precisa e este pode morrer. Mesmo que a placenta não se desprenda, a hipertensão pode reduzir o fornecimento de sangue que a placenta recebe e retardar o crescimento fetal. A pré-eclampsia também causa abortamento, prematuridade e sofrimento fetal agudo e crônico.
Quais os sintomas?
Os sintomas mais conhecidos são o aumento de pressão arterial edema (inchaço), principalmente nos membros inferiores, que pode surgir antes da elevação da pressão arterial, aumento exagerado ou rápido (de 2 a 5 quilos em uma única semana) do peso corpóreo e a presença de proteína na urina após 20 semanas de gestação, mas a pré-eclâmpsia pode existir mesmo sem esses sinais. Contudo, a pré-eclâmpsia também pode ser assintomática.
Se a pré-eclâmpsia progride, é possível observar outros sintomas, tais como:
- Dor de cabeça
- Alterações da visão (visão turva, visão dupla, vendo pontos de luz)
- Dor abdominal, especialmente no canto superior direito, ou meio abdômen
- Urinar com menos frequência
- Falta de ar
- Náuseas ou vômitos
- Confusão
- Convulsão
Até é possível ter sintomas de pré-eclâmpsia antes de 20 semanas, mas somente em casos mais raros, como nos de uma gravidez molar. O mais comum é que o problema apareça depois da 37ª semana, incluindo durante o parto ou depois (geralmente nas primeiras 48 horas).
A pré-eclâmpsia pode progredir de maneira lenta ou rápida. Os casos rápidos são os mais graves e preocupantes.
Diagnóstico e fatores de risco
O diagnóstico é estabelecido com base nos níveis elevados da pressão arterial, na história clínica, nos sintomas da paciente e nos resultados de exames laboratoriais de sangue e de urina. A realização de duas medições da pressão arterial em um intervalo de 4 h, com o resultado maior ou igual 140/90 mmHg, juntamente com a presença de proteínas em amostras de urina com concentrações superiores a 300 mg/dia, são suficientes para diagnosticar a doença.
São fatores de risco:
- Hipertensão arterial sistêmica crônica
- Primeira gestação
- Diabetes
- Lúpus
- Obesidade
- Histórico familiar ou pessoal das doenças supra-citadas
- Gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos
- Gestação gemelar
Qual o tratamento?
Se há diagnóstico de pré-eclâmpsia, grávida e equipe médica devem trabalhar para que o bebê não corra risco de complicações antes do parto ocorrer. Segundo dados do Ministério da Saúde, a hipertensão é responsável por 13,8% das mortes maternas no Brasil, sendo a principal causa de morte durante a gravidez no país.
A única maneira de controlar a pré-eclâmpsia e evitar que evolua para eclâmpsia é o acompanhamento pré-natal criterioso e sistemático da gestação.
O tratamento é feito através de uma dieta alimentar controlada e medicamentos anti-hipertensivos e anticonvulsivantes são indicados para o controle dos quadros mais graves. No caso de agravamento da doença, a gestante pode ser internada para monitoramento dela e da criança. Em casos extremos, o aborto ou a antecipação do parto são considerados. A indicação de interromper a gravidez depende da idade gestacional, da gravidade da pré-eclampsia ou eclampsia e da presença ou não de complicações. A doença regride espontaneamente com a retirada da placenta.
Normalmente a gravidez já traz muitas preocupações para a futura mamãe, contudo, ter que conviver com uma complicação potencialmente grave da gravidez, como é o caso da pré-eclâmpsia, pode ser assustador. Nesse momento, contar com a ajuda de grupos de suporte e materiais informativos podem ajudar a entender melhor essa condição. Além de conversar com o médico, faça alguma pesquisa. Certifique-se de entender quando é necessário buscar ajuda médica, como você deve monitorar o bebê e sua condição. Até a próxima.
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