Risco de parto prematuro é um medo que assola muitas gestantes, principalmente se já ocorreu anteriormente. Uma das causas de partos prematuro é a chamada incompetência istmo-cervical (ICC). Trata-se da incapacidade do colo uterino de preservar uma gestação, mesmo sem sinais de trabalho de parto, ou seja, sem contrações normalmente no segundo trimestre ou começo do terceiro trimestre.
Normalmente, o colo do útero tem pelo menos 30 mm de comprimento. O risco de aborto ou parto predeterminado é inversamente proporcional ao comprimento do colo do útero:
- Menos de 25 mm: 18% de risco.
- Menos de 22 mm: 25% de risco.
- Menos de 15 mm: 50 % de risco.
Como a incompetência istmo-cervical é diagnosticada?
A incompetência istmo-cervical não é detectada em um exame de rotina. O diagnóstico infelizmente se faz por perdas fetais prévias e pode ser pensado nas pacientes com história prévia de cirurgia no colo do útero. A ultrassonografia transvaginal é o método mais utilizado no diagnóstico dessa patologia durante a gestação.
Existe tratamento para incompetência istmo-cervical?
Sim. O tratamento padrão é a cerclagem. Trata-se de um reforço do colo do útero por sutura (passagem de um ponto), que não causa trauma, na altura do orifício interno do colo do útero, realizada preferencialmente entre 12 e 16 semanas de gestação. Ela também costuma ser bastante indicada no caso de mulheres grávidas de gêmeos ou mais múltiplos por causa do peso dos bebês, que pode forçar parto prematuro (antes das 37 semanas).
Como todo procedimento cirúrgico, a cerclagem apresenta riscos de complicações. A rotura das membranas amnióticas pode ocorrer durante o procedimento e isso será mais prevalente quanto maior a idade gestacional da pequena cirurgia.
Tipos de cerclagem
Cerclagem profilática ou eletiva
Esta técnica é aplicada quando a mulher tem um histórico de várias perdas gestacionais ou nascimentos prematuros diretamente associados à incompetência istmo-cervical.
Neste caso, o procedimento é realizar uma cerclagem entre a 13ª e 16ª semanas de gravidez.
Cerclagem terapêutica ou secundária
É realizada em mulheres que não preenchem os critérios de cerclagem eletiva, mas devido ao seu histórico anterior, o médico suspeite de incompetência istmo-cervical. Elas passam por um tratamento com progesterona, e controles de comprimento cervical são realizados através de ultrassonografia.
Se a qualquer momento um colo uterino menor que 25 mm for detectado, a cerclagem é indicada.
Cerclagem de emergência
Quando a gestante apresenta membranas amnióticas visíveis através de um colo do útero dilatado, é realizada uma cerclagem de emergência, contanto que a infecção intramicótica seja descartada.
É preciso destacar que a cerclagem é retirada aproximadamente na semana 37 ou 38.
É importante que durante a gravidez as mulheres com cerclagem diminuam a atividade física, principalmente se for secundária ou de emergência. O repouso absoluto não é recomendado, a menos que seja a indicação do ginecologista.
Pessário
Trata-se de uma alternativa menos invasiva que a cerclagem para evitar o parto prematuro. É uma espécie de anel de borracha ou silicone que fecha o colo do útero sem a necessidade de cirurgia. Ele tem diversos tamanhos e formatos e é inserido na vagina em procedimento realizado no consultório do obstetra. Funciona como uma sustentação, diminuindo a pressão feita pelo peso do bebê.
Mais recentemente, os obstetras têm indicado para diminuir os riscos de parto prematuro o uso de progesterona sintética e o pessário em vez da cerclagem, por ele ser menos invasivo. O objeto pode ser colocado entre a 18ª e 22ª semana e retirado para que possa ocorrer o parto.
Apesar de poucas pesquisas feitas sobre o tema, o objeto tem alcançado bons índices de eficácia e seu uso tem aumentando nos consultórios brasileiros, de acordo com especialistas. Uma pesquisa espanhola, feita com 385 mulheres com colo do útero curto, mostrou que 6% das que usaram o pessário deram à luz antes da hora contra 27% das que não usaram o produto.
Recomendações e incômodos
Após colocar o pessário, é recomendado que a grávida faça repouso e se submeta a um ultrassom, para verificar se ele está no local correto. Também é preciso observar se diminuiu o encurtamento do colo de útero e fazer acompanhamento médico. Entre os incômodos de usar o dispositivo está o aumento de secreção vaginal e um certo desconforto no início da utilização, até que o corpo se adapte. Em caso do aspecto da secreção mudar ou acontecer algum sangramento, a mulher deve procurar o médico, pois pode haver uma infecção ou contração, o que impedirá a eficácia do pessário. Só não é recomendado colocar o dispositivo quando a mulher tem alguma infecção, síndrome ou anomalia genética, segundo os médicos.
Detectar essa condição a tempo através de exames de ultrassonografia ou determinação do comprimento do colo do útero é fundamental para estabelecer o quanto antes um tratamento que possibilite a sobrevivência do feto e assegure a saúde da mãe. Mas o mais importante é saber que a gestação pode ser levada a termo e que o maior sonho da mãe de ter seu bebê saudável em seus braços pode ser realizado!
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