segunda-feira, 3 de abril de 2017

Engravidar grávida é possível?


Uma notícia que tem deixado muitas grávidas preocupadas afirma que uma mulher, mesmo grávida, pode desenvolver uma nova gestação. Será possível engravidar já estando grávida? Sim é possível! Entenda como uma outra gravidez pode ocorrer mesmo com uma gestação em curso.

Como ocorre a gravidez dupla?


Sabemos como ocorre a fecundação (se não souber, clica aqui para conhecer...) e após a implantação do embrião, ou seja, quando a mulher engravida, o corpo inibe que ocorra nova ovulação. Dessa forma, o corpo garante que apenas uma gestação se desenvolva. Contudo, algumas mulheres podem passar pelo fenômeno conhecido como superfetação. Nesse caso, a mulher pode ovular mais de uma vez por mês, e caso haja uma nova fecundação, pode haver nova implantação, onde a mulher passa a ter duas bolsas, com dois fetos em idades gestacionais diferentes. 

O que é superfetação?


A superfetação, que segundo a Scientific American, é o aparecimento de uma gravidez subsequente durante uma gestação em curso. A superfetação já foi reportada em várias espécies de animais. Texugos, martas, panteras, búfalos, lebres europeias e alguns cangurus apresentam casos de superfetação e é provável que existam muitas outras espécies que, pelo menos ocasionalmente, tenham proles com filhotes com idades gestacionais diferentes. 

Mas antes de ficar paranoica e proibir o marido de chegar perto até o fim da gravidez, saiba que para que isso ocorra é necessário que uma série de eventos improváveis aconteçam:

Liberação de mais de um óvulo - os ovários devem liberar mais de um óvulo, o que normalmente não ocorre numa gravidez normal. 
Rompimento dos bloqueios - sabe-se que o caminho até o óvulo é um caminho árduo para os espermatozoides. E com uma gravidez, esse bloqueio é mais intenso, já que o corpo age de forma a proteger a gravidez em curso. A progesterona atua sobre o muco localizado na abertura do útero (cérvix), que se torna viscoso, impedindo assim a penetração de outros micróbios e de espermatozoides no interior uterino.
Implantação do embrião - e depois de toda essa batalha, há ainda a necessidade de implantação do embrião, afinal, já existe um bebê crescendo e ocupando uma parte da parede do útero.

Assim, a superfetação depende da ocorrência de algo que o ciclo reprodutivo feminino está intrinsecamente programado para evitar.

Os casos de dupla gestação, com idades gestacionais diferentes, foram comprovados com base em métodos científicos apenas 11 vezes em toda a literatura. Contudo, uma pequena pesquisa pela internet, há alguns relatos de mulheres que afirmam terem descoberto um segundo feto após terem feito novos exames de ultrassom

Superestímulo ovulatório


Alguns dos casos de superfetação já descrito ocorreram em mulheres que se submeteram a procedimentos de estimulação ovulatória. Como o tratamento para a fertilidade altera o delicado equilíbrio hormonal associado à reprodução é natural que isso ocorra. 

Normalmente os casos de múltiplas ovulações se dá com dias de diferença e estão associadas ao uso de medicamentos que induzem esse processo para fins reprodutivos em pacientes que tenham problemas reprodutivos. Já os episódios com diferença de vários dias ou mesmo de semanas são episódios raríssimos. Talvez o mais famoso desses eventos seja a gravidez da estadunidense Julia Grovenburg, que concebeu em 2009 duas crianças com duas semanas e meia de diferença.

Casos de dupla gestação


Pete e Kate Mills tiveram duas meninas geradas com 10 dias de diferença. O caso aconteceu na Austrália em 2015. 
Gêmeas geradas com dias de diferença

A americana Julia Grovenburg, de 31 anos, ao fazer um ultrassom de rotina na 11a. semana de gestação, descobriu que havia um outro bebê concebido alguns dias depois do primeiro, o feto seria duas semanas e meia mais novo.

Ultrassom constatando a gravidez com idade gestacional diferente

Riscos da superfetação


Além da dificuldade de fixação do novo embrião ao engravidar, a falta de espaço é um complicador para essa nova gravidez.

Diferentemente da gestação de gêmeos, onde o óvulo se divide em dois ou dois deles são fecundados ao mesmo tempo, no caso de uma gravidez em gestante há uma diferença de idade entre os bebês, podendo gerar problemas, a depender da diferença. 

Há um risco maior de o novo ovócito fecundado não se implantar no local correto, já ocupado pelo primeiro embrião. Desse modo, há um risco de uma gravidez ectópica, na tuba uterina ou em outro local incorreto, gerando aborto espontâneo e risco de morte para a mãe. 

Normalmente são realizados dois partos cesarianos, em datas diferentes, expondo um pouco cada bebê, mas com grandes chances de ambos sobreviverem.

Até a próxima!








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