O avanço da medicina hoje traz muitas possibilidades de tratamentos para quem deseja engravidar. Os tratamentos de fertilização costumam ser caros e nem todos tem condições de arcar com tudo, mas existem algumas opções mais baratas, em relação aos tratamentos convencionais, que podem ajudar a realizar o grande sonho de ser mãe. Uma dessas opções é a Doação de Óvulos. Além da questão financeira, vários são os motivos que podem levar a mulher a recorrer à doação de óvulos como fatores genéticos que impedem engravidar, falência ovariana ou mesmo a idade da mulher.
Do que trata a doação de óvulos?
A ovodoação ou doação de óvulos ocorre quando uma mulher cede seu óvulo para que ele seja fecundado e transplantado para o útero de outra mulher.
Como funciona a doação de óvulos?
No Brasil, a lei estipula que essa doação seja anônima, dessa forma a doadora não saberá a identidade da receptora e vice-versa. A doação é ética e legal desde que não haja fins comerciais e a mãe dessa criança será considerada a mulher que o carregou no seu ventre, e não a que forneceu o óvulo.
Caso a mulher que deu a luz à criança seja uma barriga solidária, o filho é considerado do beneficiado pelo procedimento, ou seja, do casal para quem a mulher cedeu o útero.
A doadora será estimulada para um ciclo de FIV (Fertilização in Vitro), do qual resultará a coleta de vários óvulos, dos quais metade (doação compartilhada) será doado para uma outra mulher que não tem mais capacidade de produzi-los – esta é a receptora.
A receptora terá que ter seu útero preparado com hormônios (estradiol e progesterona) antes de receber o(s) embrião(ões), e os mesmos terão que ser mantidos até o terceiro mês de gestação, quando a placenta passa a ser a responsável pela manutenção da mesma. Após o terceiro mês, a gestação evolui normalmente, sem a necessidade de suporte hormonal. O pré-natal é igual ao de uma gravidez concebida naturalmente e a mãe poderá amamentar sem nenhuma diferença de uma gravidez espontânea.
Como é feita a doação de óvulos?
Como no Brasil não existe um banco de óvulos para doação, é necessário que haja uma seleção da doadora. A doação é feita voluntariamente por mulheres que queiram ajudar outras mulheres a realizar o sonho de engravidar. Costumam ser candidatas jovens que fazem a coleta dos óvulos ao mesmo tempo em que a receptora prepara o útero para receber o embrião.
Doadoras e Receptoras
O ciclo de doação de óvulos é realizado pela técnica de Fertilização in vitro na qual os gametas femininos (óvulos) de uma mulher (doadora) são doados a outra (receptora) para que sejam fertilizados.
No mesmo dia em que os óvulos da doadora são aspirados, o homem (seja doador ou parceiro da paciente em tratamento) faz a coleta dos espermatozoides, para que no mesmo dia eles sejam fecundados em laboratório. O procedimento pode reproduzir a situação no útero, colocando na mesma cultura um óvulo e alguns espermatozoides, ou eles podem ser injetados diretamente no óvulo, pelo método de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), dependendo da qualidade dos gametas masculinos. (Como avaliar a fertilidade com o Espermograma?)
A doadora será estimulada com hormônios, que podem ser via oral ou injetáveis, que vão aumentar a produção de óvulos naquele mês. Após a coleta, pelo processo da doação compartilhada, metade dos óvulos serão fertilizados com os espermatozoides do marido da doadora e a outra metade com os espermatozoides do marido da receptora.
Vinte e quatro horas após a fertilização sabe-se quantos embriões se formaram, estes permanecem no laboratório por 2 a 5 dias e após serem selecionados serão colocados no útero através de um cateter por via vaginal. Não há necessidade de sedação.
Desta forma, o(s) embrião(ões) transferido(s) para o útero da receptora, será(ao) formado(os) pelo espermatozoide do próprio marido e o óvulo de uma doadora. A receptora recebe dois únicos hormônios (estrogênio e progesterona) para o preparo do endométrio a fim de receber os embriões, pois não existe indução de ovulação. A taxa de sucesso de gravidez é a mesma da paciente doadora que tem idade ao redor de 30 anos (50%).
Quem pode ou não doar
O ideal é que a doação seja feita por mulheres com menos de 35 anos, pois seus óvulos são mais novos e apresentam menores chances de terem problemas na estrutura genética causados por uma divisão celular ruim. É importante também que a doadora não tenha nenhuma doença genética hereditária. Além disso, ela também não deve ter nenhum problema de saúde que possa ser agravados pela estimulação ovariana, como cânceres dependentes de hormônio. Não deve apresentar doenças infectocontagiosas e deve possuir tipo sanguíneo e físico compatível com a receptora. Além disso, o potencial ovariano também é considerado.
Muitas vezes essa opção é oferecida para mulheres que já estão em tratamento de reprodução assistida com seus próprios óvulos, mas de repente não têm mais como pagar o tratamento. Em troca, o casal ou a mulher que vai receber a doação paga metade do tratamento da doadora. Essa é a chamada doação compartilhada.
IMPORTANTE:
Os critérios aceitos para definir quem pode ser doadora de óvulos são variáveis de acordo com a resolução vigente do CFM (Conselho Federal de Medicina) na época do procedimento.
Quais os riscos da doação de óvulos
As doadoras devem ser informadas sobre os riscos de hiperestimulação ovariana bem como sobre outras possíveis complicações da fertilização in vitro como a gestação múltipla, sangramento, infecção e anestesia.
Para a receptora, os riscos são os mesmos de uma fertilização in vitro. Como o embrião é fecundado fora do útero e depois transferido de volta, existe uma pequena chance de que ele se desenvolva fora do útero, a chamada gravidez ectópica, que pode colocar a vida da mulher em risco. Para reduzir as chances desse tipo de gestação, o embrião normalmente é colocado a 1 centímetro do fundo do útero.
No Brasil, não há necessidade de se contratar um advogado para acompanhar o tratamento, a não ser, em alguns casos específicos, como por exemplo, barriga de aluguel (corretamente chamado de útero de substituição).
As receptoras devem saber que, apesar das doadoras serem mulheres com idade de chances mínimas para malformações cromossômicas, esta possibilidade não pode ser excluída.
Como se preparar para a doação de óvulos?
Se preparar para a doação de óvulos nem sempre é muito fácil, principalmente para a mãe que pode sentir-se confusa em gerar um filho vindo do gameta de outra mulher. Nesses casos, um acompanhamento psicológico do casal pode ajudar a resolver questões como a espera para engravidar (que pode justificar não poder usar seus próprios óvulos) ou mesmo o adiamento da gravidez devido a outros fatores.
O tempo para tomar a decisão de optar pela doação de óvulos pode levar semanas ou mesmo meses e o fato da mulher poder vivenciar toda a gestação contribui para a aceitação do tratamento. Também é possível escolher as características da doadora como cor dos olhos, cabelo e pele, fazendo que seja mais parecido com as suas próprias.
Uma forma de ajudar na decisão da doação de óvulos é levantar junto ao médico algumas questões como:
- Quantos tratamentos com doação de óvulos é feito pela clínica por mês e qual a taxa de sucesso?
- Como são selecionas as doadoras e quantas ficam disponíveis para tratamento imediato? Existe um tempo de espera para encontrar uma doadora?
- Como funciona o pagamento do tratamento?
- Uma doadora pode doar para mais de uma receptora para reduzir os custos do tratamento?
- O que ocorre caso a doadora não tenha óvulos suficientes? Haverá diferença nos custos do tratamento?
- A receptora deve ter uma idade máxima para tratamento ou um estado civil específico?
Onde buscar tratamento?
Normalmente esse tipo de tratamento é oferecido por clínicas e hospitais especialistas em reprodução humana. O SUS (Sistema Único de Saúde) também oferece o tratamento em alguns hospitais universitários.
Deve-se ter bem esclarecido que a doação de óvulos além de ser uma opção de tratamento com melhor custo financeiro é um ato de amor e que não se pode ter ilusões de como seria conhecer um filho gerado pelo óvulo doado. Legalmente e eticamente, a mulher deve saber que é uma ação totalmente altruísta que a destitui de qualquer vínculo com a criança. É importante tirar todas as dúvidas mas que ao optar pelo tratamento estará contribuindo não apenas para sua felicidade mas também para a felicidade de uma outra família. Até a próxima!
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