sábado, 23 de janeiro de 2016

Insuficiência da fase lútea e gravidez


Nosso corpo é uma máquina perfeita, que necessita de ajustes finos para que seu funcionamento ocorra. Qualquer alteração em um componente (ou hormônio) irá ocasionar a demora na conquista da gravidez. Conhecer como funciona cada fase do ciclo menstrual ajudará não apenas reconhecer quando algo não andar bem como também ajudará na conquista do positivo.

Fases do ciclo menstrual


Como o assunto é insuficiência da fase lútea, explicarei rapidamente a fase folicular do ciclo menstrual, mas se quiser saber mais a respeito só dar uma olhada nesse post aqui

O ciclo menstrual tem duas fases básicas, folicular e lútea, que são separadas pela ocorrência da ovulação. Na primeira etapa do ciclo temos descamação do endométrio, que nada mais é do que o início do sangramento que dá origem à menstruação. Depois temos a fase proliferativa, que é o desenvolvimento do folículo ovariano (daí o nome fase folicular). Nessa etapa há a predominância do hormônio estrogênio, responsável também pelo crescimento do endométrio, preparando-o para receber o embrião. Quando um folículo atinge seu máximo desenvolvimento, o hormônio LH indica que o mesmo pode ser liberado. A liberação do óvulo marca o fim da primeira fase do ciclo menstrual.


 Após a liberação do óvulo, o restante do folículo é chamado de corpo lúteo (do latim, corpo amarelo), sendo sua principal função a produção de progesterona, que nesse período é importante para preparação do endométrio de maneira a facilitar a implantação (Aprenda como ajudar na implantação do embrião). Quando esta não ocorre, o corpo lúteo permanece ativo
por aproximadamente 14 dias, sendo este período chamado de fase lútea. O corpo amarelo seria então como a casca que protegia o óvulo em desenvolvimento. Quando ele se degenera, passa então a se chamar de corpo branco, sendo constituído principalmente de estroma fibroso. 



O que ocorre na fase lútea


A fase lútea marca o início do caminho do óvulo até o útero. A progesterona produzida pelo corpo lúteo ou amarelo é responsável por manter o endométrio estável e mudar o padrão proliferativo (de crescimento) para secretor, o que o deixará mais receptivo à implantação do embrião. O que nem todos sabem é que o endométrio não ficará receptivo durante toda a fase lútea. A implantação será facilitada apenas num curto período, cerca de 6 a 10 dias após a ovulação. Esse período é conhecido como "janela de implantação" pois ocorre no momento em que há máxima liberação de progesterona pelo corpo amarelo. De forma mais simples, após a liberação do óvulo, o corpo amarelo produz progesterona que irá deixar o endométrio mais "macio" para que ocorra a nidação com maior facilidade. 

A progesterona e a gravidez

Além de manter o endométrio estável e facilitar a implantação, a progesterona também é importante pois promove o relaxamento das fibras musculares uterinas permitindo o desenvolvimento da gestação. No início da gestação, o corpo amarelo continua produzindo progesterona pois recebe esse estímulo do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana). Isso ocorre até a 8ª ou 9ª semana de gestação, quando ocorre a mudança lúteo-placentária, isto é, a placenta passa a produzir a progesterona e o corpo amarelo se degenera. 

Quando não se tem, no início da gestação, uma produção adequada de progesterona pelo corpo amarelo, então não há como manter a gravidez e ocorre o aborto. 

Insuficiência da fase lútea


Como vimos, a fase lútea é importante para a implantação do embrião e manutenção da gravidez. Uma fase lútea normalmente dura cerca de 10 a 16 dias, podendo em alguns casos chegar a 17 dias. Segundo alguns médicos, uma fase lútea saudável, seria com mais de 12 dias. Quando essa fase é muito curta (menos que 10 dias) o endométrio pode não estar receptivo o suficiente para receber o embrião, nesse caso temos a insuficiência da fase lútea. Com a baixa ou a breve produção de progesterona, o risco de aborto ou infertilidade é alto. 

Um endométrio que não foi adequadamente irrigado não conseguirá sustentar uma gravidez, isso se o embrião conseguir se implantar! 

Causas da insuficiência luteínica 


As causas mais comuns para a insuficiência da fase lútea são a diminuição da produção de LH na fase folicular, produção inadequada de FSH pré-menstrual e na fase folicular, levando a uma resposta ovariana a LH, ou seja, uma má qualidade do corpo lúteo, onde o mesmo não conseguirá produzir progesterona de forma adequada ou pelo tempo adequado para a boa manutenção do endométrio. A insuficiência do corpo lúteo, também pode ser causada por uma alteração ovariana ou ainda por causa de doenças endócrinas como alterações da tireoide ou hiperprolactinemia

Quais os sintomas?

  • Fase lútea com menos de 10 dias (a confirmação é feita com a avaliação da ovulação através de exames de ultrassom ou testes de ovulação).
  • Sangramentos durante a fase lútea (spotting ou pequenos corrimentos tipo borra de café por mais de 3 dias)
  • Baixas concentrações de progesterona durante a fase lútea
  • Abortos espontâneos recorrentes (em sua maioria no 1º trimestre).


Como tratar a insuficiência da fase lútea?


Tanto o tratamento quanto o diagnóstico da insuficiência luteínica costuma ser simples. Exames para confirmar o nível de progesterona após a ovulação e antes da menstruação irão determinar a causa da fase lútea insuficiente. Para o tratamento, geralmente são utilizados  progesterona, hCG e mesmo estradiol, isolados ou em combinação. 

Em casos de gravidez com comprovação de insuficiência da corpo lúteo, é importante manter o tratamento com progesterona até que a placenta possa assumir esse papel.  

O consumo de carne vermelha, ovos, peixes, frango, leite e derivados podem ajudar a suplementar a progesterona corporal.

O controle do ciclo menstrual através da temperatura basal ajuda na identificação da ovulação, em consequência a fase lútea, bem como também poderá mais facilmente detectar caso a mesma esteja muito curta. Com o tempo poderá detectar padrões que poderão, no futuro, indicar quando a gravidez ocorrer. Boa sorte e até a próxima. 



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